Atualmente, o problema surge porque há transformações importantes nas circunstâncias do ambiente – mudanças tecnológicas, desmedido aumento de determinados custos, maior competitividade no setor, etc – que tornam necessárias modificações também profundas na estratégia da empresa.
E assim sua cultura conformista age como uma barreira frente a toda possibilidade de readaptação.
Se, por sua própria maneira de fazer e ser, a organização não permite que dentro dela surjam elementos com visão e poder suficiente para fazer mudar de rumo – ou pelo menos para buscar elementos externos que a façam mudar – a empresa, por mais poderosa que seja e por mais brilhante que tenha sido seu histórico, corre o risco de deteriorar sua posição no mercado.
A ênfase em fazer as coisas bem-feitas impede-a de fazer tudo o que deve.
Na realidade, a observação do desenvolvimento histórico de grande número de empresas com muitos anos de existência mostra que em sua vida se sucedem e se repetem fases ou momentos distintos.
Há fases às vezes muito longas, às quais poderíamos dar o nome de manutenção, em que se torna necessário racionalizar, ordenar e organizar a partir de determinada estratégia que sofre poucas mudanças ou nenhuma; são fases que costumam dar lugar a culturas e pessoas bastante conformistas e burocráticas.
A estas fases ou momentos sucedem outras etapas nas quais é preciso inovar, mudar, readaptar-se; de certa forma, repetir a fase inicial da empresa.
E da mesma forma que então, exige-se criatividade, visão, carisma e aceitação do risco, características que não costumam ser encontradas nos diretores de organizações que tiveram uma longa etapa de crescimento.
A necessidade de executivos ou líderes
Embora, evidentemente, se trate de uma simplificação que em cada caso concreto deveria ser matizada e estudada mais a fundo, pode-se encontrar uma relação lógica entre os conceitos de executivo e líder, descritos no início deste artigo, e as fases de manutenção e mudança a que se fez referência no parágrafo anterior.
Em princípio, um executivo é adequado para dirigir fases de manutenção, ou seja, aquelas em que a principal missão deve ser a administração do status quo adquirido numa fase anterior, a implantação de sistemas e procedimentos, a coordenação e a ordem.
Sem esquecer a necessária adequação tática, sempre que não haja necessidade de realizar mudanças importantes na linha seguida anteriormente.
Além de ser sempre o tipo de diretor que se encontra na fase inicial da empresa, o líder é indicado para situações que exigem mudanças importantes, sobretudo a nível estratégico.
Nestas circunstâncias, geralmente é vital encontrar novos caminhos, novas ideias e, ao mesmo tempo, motivar as pessoas para que aceitem essas ideias como substituto do que era “tradicional”.
A empresa que precisa mudar e só tem executivos nunca consegue romper o círculo vicioso no qual está imersa: os executivos apenas produzem mudanças muito pequenas ou muito lentas, o que pode prejudicar a posição relativa da empresa dentro de seu setor, sobretudo se há outras organizações que puderam ou souberam se readaptar.
Os líderes, por outro lado, raramente podem desempenhar um papel diferente do seu e, em situações de manutenção, costumam criar um clima de frustração e de caos, além de eles mesmos se sentirem pouco ou nada atraídos por semelhantes situações.
Em outras palavras: a direção de empresas não é uma atividade exclusiva dos cientistas nem dos artistas.
Nem um nem outro são eficazes sempre, mas cada um tem seu momento.
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Fonte: José Maria de Anzizu – Bacharel em Direito pela Universidade de Barcelona, Diplomado em Direção de Empresas pela Universidade de Harvard e Colaborador do Instituto de Estúdios Superiores de la Empresa, da Universidade de Navarra.