Um caso diferente é o de Howard Head – o criador do primeiro esqui de metal e, posteriormente, da raquete de tênis de tamanho grande – que constitui um claro exemplo de líder.
Vejamos alguns fragmentos de uma entrevista que concedeu a Steve Fiott, para a revista World Tennis:
“Neste momento a empresa Head é mais conhecida por sua linha de raquetes de tênis, mas a empresa iniciou suas atividades em 1950 porque Howard Head não estava satisfeito com os esquis de madeira que usava para esquiar.
Em 1947 trabalhava como engenheiro numa empresa aeronáutica e começou a pensar num esqui que fosse mais leve do que qualquer outro e que girasse na neve com maior facilidade do que os de madeira.
Segundo ele mesmo confessa, Head só resolveu a metade do problema.
Com o transcorrer dos anos e as melhorias introduzidas, o esqui Head foi sendo aperfeiçoado.
Com o apoio de uma boa estratégia comercial é um excelente serviço, as vendas subiram extraordinariamente e o “caso Head” converteu-se numa história de livro didático em muitas escolas de marketing.
Em 1969, Howard Head vendeu a empresa ao grupo AMF e aposentou-se.
“Naquele momento, aos 55 anos, Howard Head começou a praticar o tênis.
‘Eu jogava muito mal – diz Head – e por isso decidi construir uma quadra própria e tomar lições.
Pensei que com ambas as coisas meu jogo melhoraria, mas não foi assim.
Finalmente, um dos meus professores sugeriu que alugasse uma máquina lança-bolas.
Falou-me da marca Prince.
Chamei-os e combinamos que eles me enviariam a máquina e eu um cheque.
Desde o começo estabelecemos uma relação de confiança’.
“Depois de usar a máquina, Head comprovou que era boa, mas poderia ser aperfeiçoada.
Chamou a Prince e sugeriu-lhes algumas mudanças.
Eles aceitaram as mudanças e, ao mesmo tempo, Head comprou ações e se tornou presidente do conselho administrativo.
Embora não cobrasse nenhuma remuneração, em 1971 já tinha trabalho.
“Buscando incrementar a eficácia das raquetes tradicionais para que seu jogo melhorasse, Head tentou colocar mais peso na extremidade da raquete, que com isto experimentou uma melhora, mas não muito importante.
Durante um ano deixou um pouco de lado estas ideias, mas depois começou a experimentar de novo e em 1979, desenvolveu a teoria que depois deu lugar à hoje famosa raquete Prince.
No início de 1974, Head havia desenhado um primeiro protótipo de raquete – maior e com um considerável aumento da “zona doce” – com a qual ele mesmo, com sua máquina lança-bolas, realizou grande número de provas.
Depois desse teste pessoal, sentiu-se encorajado a experimentar a nova raquete com outros jogadores e começou uma época de provas e protótipos, mudanças para corrigir defeitos, registro da patente etc.”
Segundo a revista Technology Illustrated, em 1982, cerca de 25% dos profissionais que participaram da Open dos Estados Unidos e quase a metade dos membros da equipe americana júnior da Copa Davis usavam uma Prince.
Mas Howard Head já está começando outro tipo de atividade, enquanto outros dirigem suas empresas.
Renn Zaphiropoulos: exemplo claro de líder. O fundador de Versatec, uma empresa norte-americana do setor de eletrônica, Renn Zaphiropoulos, é um claro exemplo de líder, embora com características muito próprias. Um estudo publicado por Harvard, dá uma visão de seu estilo. Nele Zaphiropoulos afirmava: “Eu não ordeno fazer nada de concreto, apenas procuro criar as condições para que se possa fazer o que deve ser feito. Este processo é essencialmente uma arte. Consiste em saber encontrar o núcleo de cada situação e depois segui-lo. Nunca ir contra. É como navegar a vela (uma coisa de que eu gosto muito): quando navego, vou andando com o vento. Para conseguir meu objetivo devo estudar a situação, colocar as velas adequadamente e deixar-me levar pelo vento e a água. Em administração acontece a mesma coisa… Não tomo grandes decisões sobre o produto ou sobre o mercado, mas procuro criar as condições sob as quais estas decisões possam ser tomadas. Sou como um jardineiro, como um decorador, ou seja, alguém que cria um clima. Na direção de empresas estamos tratando com pessoas que basicamente não mudam. Tudo o que podemos fazer é mudar o ambiente. Grande parte do processo diretivo consiste em esclarecer como as pessoas podem desenvolver-se e crescer… Acima de tudo, o trabalho de um chefe consiste em influir no comportamento das pessoas, não em deixar que cada uma faça o que quer. Isto exige um contato constante e frequente com os colaboradores. Eu não costumo estar muito ocupado e diariamente dou uma volta para ver as pessoas… Ocupo-me em enfrentar a crise e também em colocar-me ao lado de um colaborador quando isto é necessário. Os subordinados nunca se apegam a um superior, e meu trabalho oscila entre ser chefe e ser um amigo. Também não tenho receio de despedir uma pessoa, embora isto raramente aconteça… Tenho a impressão de que muitos diretores se sentem culpados pelo muito que ganham, e consequentemente trabalham muitas horas. Isto é uma tolice. O esforço não conta, o que conta são os resultados. Eu trabalho 40 horas por semana, não mais…” No citado estudo de Harvard, os colaboradores de Zaphiropoulos diziam sobre ele: “Renn tem uma personalidade muito forte, às vezes desafia todo o grupo e defende uma pessoa diante de todos. Mas, se ficar evidenciado que está enganado, ele mudará de postura. Não tem medo de aceitar que está enganado. É a pessoa mais completa que conheci. Constrói instrumentos, canta, cozinha, navega… Consegue fazer quase tudo. Renn não consegue deixar nada pela metade. Creio que isto explica seu êxito. Sente a necessidade de cuidar para que as coisas sejam feitas. Está muito orientado para os resultados. Renn é nosso diretor de orquestra. Tem uma habilidade especial para captar os sentimentos, para saber o que ofende as pessoas e o que nos motiva… Por temperamento, Renn é uma pessoa ansiosa. Às vezes é muito sentimental e sempre quer que as coisas se resolvam na hora… Renn é quem se ocupa de traçar a filosofia e a estratégia a longo prazo da empresa. Dentro de certos parâmetros é muito tolerante. Mas não tolera as pessoas incompetentes”. |
Clarck Kramer: um executivo fala de si mesmo. Clarck Kramer, diretor geral da empresa Midway, fabricante de doces, é um exemplo claro de executivo. Kramer descrevia a si mesmo como uma pessoa interessada em fazer a empresa crescer. “Desde o dia em que adquiri Midway, desejei que se convertesse numa grande empresa, em uma líder de seu setor. Não desejo desenvolver esta companhia para vendê-la, obtendo mais-valor e depois retirar-me. Significa algo mais do que simplesmente um emprego ou dinheiro. Este negócio representa um meio para conseguir diversos fins. Permite que todo o nosso grupo dirigente realize atividades que desejamos fazer, como pessoas. Naturalmente, não podemos satisfazer todo o mundo, mas creio que, se a atual tendência das empresas se mantiver, poderemos satisfazer muitas aspirações que são justas. O fato de proporcionar-nos bons lucros é uma faceta disto, mas há também outros aspectos que são importantes. No que se refere a outros objetivos pessoais, poderíamos estudá-los, mas eu prefiro não fazê-lo, limitando-me a manifestar o que segue. Creio que poderíamos dizer que me encontro mais à vontade trabalhando para mim. É uma preferência pessoal. Basicamente, creio que as compensações são maiores quando se trabalha para si mesmo. Tenho muita energia e perseverança. Creio que poderíamos dizer que tenho uma necessidade pessoal de dirigir ou de ser o homem que está acima de todos. Eu diria que um dos aspectos mais importantes do meu trabalho é melhorar a comunicação entre nossos executivos e também verticalmente nos dois sentidos, em nossa organização. Tento fazer com que o pessoal formalize parte das comunicações, a fim de que os subordinados possam ler os memorandos e aprender… No que se refere às relações entre os diretores, creio que temos uma comunicação bastante franca, mas não obstante ainda não é o que poderia ser. Por muito tempo existiram algumas falsas interpretações entre a seção de marketing e a fabricação. Algumas vezes, esses departamentos travaram verdadeiras batalhas. É outro dos aspectos importantes de nosso histórico que é preciso conhecer para compreender o que acontece aqui. Ultimamente as relações melhoraram um pouco porque a produção estava à altura das vendas”. |
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Fonte: José Maria de Anzizu – Bacharel em Direito pela Universidade de Barcelona, Diplomado em Direção de Empresas pela Universidade de Harvard e Colaborador do Instituto de Estúdios Superiores de la Empresa, da Universidade de Navarra.