Ao longo da história, as teorias sobre a direção de empresas oscilaram entre esses dois polos.

Atualmente se reconhece que cada estilo tem suas virtudes e a cada fase no desenvolvimento da empresa corresponde uma forma ideal de gestão.

O estilo de direção é o elemento definidor da personalidade de uma empresa.

Há duas diferentes formas de entender e definir a administração de empresas, o que deu lugar a uma controvérsia travada com frequência em termos contraditórios e, muitas vezes, irreconciliáveis.

Para T. Levitt, por exemplo, “dirigir consiste em analisar racionalmente uma situação e selecionar os objetivos a serem alcançados; desenvolver sistematicamente as estratégias para conseguir aqueles objetivos; coordenar os recursos; desenhar racionalmente a estrutura, direção e controle precisos; e, finalmente, motivar e recompensar as pessoas que põem em prática o processo”.

Henry Boettinger, pelo contrário, tem uma forma muito diference de entender a administração:

“Dirigir consiste em arrastar a outros, e isso implica, para quem dirige, a capacidade de compreender as necessidades e os desejos dos outros para compartilhar com eles uma visão que aceitam como própria.

Se isto não é arte, o que é arte?”

Destas duas citações conclui-se que, para uns, a direção de empresas é um processo fundamentalmente racional ou técnico, uma ciência que se aprende mediante uma adequada formação e se aperfeiçoa com o passar dos anos.

O protótipo do bom diretor é, neste contexto, o executivo que aprendeu as técnicas modernas de gestão e as põe em prática ao incorporar-se à empresa.

Para outros, pelo contrário, a direção tem muito mais de arte (visão, intuição, lampejo) do que de técnica.

Os diretores eficazes não se fazem: “nascem”.

São os líderes, os “artistas”, os que através de sua intuição e seu talento natural são capazes de criar e desenvolver empresas e organizações com futuro, a partir de uma ideia.

Até relativamente pouco tempo atrás, a balança inclinava-se cada vez mais a favor dos executivos.

As empresas modernas – complexas, de grandes dimensões e desenvolvendo-se em mercados de crescimento contínuo – pareciam exigir diretores capazes de coordenar muitas pessoas e grupos, de analisar as tendências do mercado, de aplicar as últimas técnicas da direção.

Acima de tudo, o diretor devia ser um bom estrategista (para adaptar paulatina e regularmente a empresa a seu ambiente) e um bom coordenador de esforços (para que a engrenagem interna funcionasse sem sobressaltos).

Os líderes justificavam-se – e ainda assim com reservas – para os primeiros anos de vida das organizações e pouco mais: eram personagens úteis para uma primeira fase de desenvolvimento.

Depois disso, porém, não podiam fazer frente às exigências do crescimento de sua organização e ficavam relegados a um papel circunstancial.

Nestes últimos tempos, entretanto, as coisas parecem ter mudado ou estão começando a mudar, como tantas outras tendências no campo da direção.

Especialmente nos Estados Unidos, é cada vez maior o número de livros, artigos e comentários favoráveis aos líderes.

A disjuntiva que os empresários se propõem é:

  • Que é preferível para a empresa de hoje: executivos ou líderes?
  • Qual é a base da direção eficaz: a ciência ou a arte?

Distinção entre executivos e líderes

A missão do diretor geral consiste basicamente em assegurar a sobrevivência (rentabilidade a longo prazo) de sua organização, utilizando os recursos geralmente limitados de que dispõe.

Dado que a empresa está contida num  determinado ambiente ou faz parte dele – país, setor, mercado – e que ao mesmo tempo é formada por diversos elementos – estrutura, sistemas ou procedimentos, pessoas e cultura – o trabalho do diretor geral tem sempre dois aspectos, um externo e outro interno.

Para cumprir sua missão, deve assegurar que a relação empresa-ambiente (aspecto externo) seja adequada; ao mesmo tempo, deve manter o equilíbrio interno mediante a coerência entre os diversos elementos e recursos que compõem a organização.

As pessoas que estão à frente de uma empresa devem possuir uma série de habilidades ou capacidades. 

Entre elas são consideradas essenciais as seguintes:

  • Capacidade estratégica para examinar situações geralmente complexas e tomar decisões a respeito do caminho que a organização deve seguir, assim como sobre sua estrutura interna.
  • Capacidade interpessoal para dirigir, motivar e, se necessário, coordenar os colaboradores. Igualmente, para relacionar-se com os superiores (conselho de administração, proprietários, etc), colegas, clientes e organismos de qualquer tipo externos à empresa.
  • Capacidade emocional para enfrentar decisões que, com frequência, implicam um risco ou uma impopularidade importante e afetam pessoas ou interesses.
  • Capacidade técnica, entendida em sua dupla vertente de técnicas de gestão em geral e técnicas específicas de uma função-chave ou de um setor concreto.

Não é muito comum encontrar diretores que possuam, ao mesmo tempo e em alto grau, todas estas habilidades.

Como diz Peter Drucker, “as tarefas de direção geral exigem, pelo menos, quatro diferentes tipos de personalidade: o homem-pensamento, o homem-ação, o homem-pessoa e o homem-fronteira… Estes quatro temperamentos, contudo, quase nunca se encontram num mesmo indivíduo”.

Embora seja evidente que só em raras ocasiões essas quatro virtudes ocorrem numa mesma pessoa, também é verdade que a combinação de capacidades e de estilos dá lugar a uma distinção, com frequência bastante clara, entre o que se denomina “diretor científico” ou executivo e o “diretor-artista” ou líder.

Ambos podem possuir em maior ou menor grau as habilidades mencionadas, mas cada um as desenvolve com seu estilo, enfatizando um ou outra.

A nível estratégico, o executivo costuma ser um bom intérprete das tendências do mercado e dos recursos de que dispõe.

Ele é capaz, em muitas ocasiões, de ir adaptando a organização a seus condicionamentos internos e externos, desde que estes não se afastem muito do caminho ou tendência que seguiram anteriormente.

A nível interpessoal, o executivo costuma ser um bom coordenador de esforços, um bom chefe de equipe. 

Ideias descabeladas, mas com êxito

Combinando ambos os aspectos, o estratégico e o interpessoal, e acrescentando-lhes uma dose de técnica (quase sempre muito importante), o executivo mostra-se um excelente administrador de determinada situação ou, até mesmo, um bom tático ou adaptador dos recursos de toda ordem (materiais, financeiros, humanos) a uma determinada circunstância.

Os líderes costumam desenvolver sua capacidade estratégica e interpessoal de forma muito diferente.

A nível estratégico, eles têm tendência a buscar – e com frequência encontram – caminhos inexplorados mais do que derivados dos fatos anteriores.

Como o artista, intuem soluções às quais ninguém havia dado crédito e que pareciam descabeladas.

Uma frase resume o papel do líder melhor do que as explicações: “Tenho êxito porque faço coisas que ninguém faz e nas quais ninguém pensa…”

O líder, o artista, é homem criativo, de ideias novas.

Mas, ao mesmo tempo, é capaz de comunicá-las aos demais e de arrastar outros.

E também de assumir o risco que toda novidade comporta.

As situações estáveis e a rotina são, com frequência, insuportáveis para o líder.

Isto explica tantos casos de fundadores de empresas que as deixam para dedicar-se a outras atividades, para iniciar novas aventuras onde o risco volta a ser um fator dominante e, talvez, excitante.

A nível de relação interpessoal, o líder também é diferente do executivo.

Com frequência é mais chefe-autoritário do que chefe-coordenador, personalidade muitas vezes solitária, em certas ocasiões bastante desorganizado quanto a seu trabalho e seu horário.

Ele sempre se mostra atraente como pessoa, especialmente para um certo tipo de colaboradores: o líder costuma ter carisma. 

Segundo o professor Marvin Bower, para qualquer tipo de direção, seja do tipo executivo ou de liderança pessoal, é possível definir três critérios que servem para dar a medida do êxito na gestão. Embora existam outros parâmetros, quando se conseguem estes três objetivos o êxito está quase assegurado.

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Fonte: José Maria de Anzizu – Bacharel em Direito pela Universidade de Barcelona, Diplomado em Direção de Empresas pela Universidade de Harvard e Colaborador do Instituto de Estúdios Superiores de la Empresa, da Universidade de Navarra.