A convivência de executivos e líderes dentro de uma mesma organização não costuma ser fácil, mas quando é alcançada torna-se um fator muito positivo para o desenvolvimento.

Recentes estudos sobre a eficácia de diversas empresas americanas e japonesas mostram isso com evidente clareza: as empresas com melhor histórico de rentabilidade e de solidez são capazes de harmonizar a existência de executivos – os guardiães da ordem logicamente indispensável nas grandes organizações – com o desenvolvimento de líderes que emergem em momentos e determinados.

Por outro lado, algumas dessas grandes empresas contêm em sua cultura boa parte do espírito inovador e criativo daqueles que as fundaram, e esse espírito parece perfeitamente compatível com a necessidade de sistemas, procedimentos e normas.

Chega até a ser um de seus fatores de êxito.

Executivos e líderes são necessários em toda organização eficaz e têm um papel igualmente importante em diferentes etapas e em diferentes níveis.

É certo que o desenvolvimento e a formação de executivos é uma questão que poderíamos dizer que está bastante bem resolvida através de programas, de cursos e da própria mecânica do funcionamento organizacional.

Já a dos líderes está muito longe ter encontrado uma solução.

De fato, trata-se de um problema que poucas empresas enfrentaram a fundo e até, na opinião de alguns, de uma questão que não deveria, por definição, ser levantada. 

Duas formas complementares de direção empresarial

Pelo que se pode comprovar diariamente em todo tipo de organizações, setor e país, as diferentes circunstâncias exigem diferentes tipos de diretores.

Executivos e líderes são complementares, e cada um é eficaz em determinado momento da vida da organização.

A direção da empresa não é, exclusivamente, nem uma arte nem uma ciência, mas tem um pouco de ambas.

Talvez por isso seja uma atividade tão difícil. 

Steve Jobs: um líder desde a década de 80

Um exemplo acabado de líder é o fundador de Apple Computer, Steve Jobs.

A revista norte-americana Time, em seu número de 15 de fevereiro de 1982, comentava o extraordinário “caso Apple” da seguinte maneira:

“Os desenhistas e engenheiros da empresa Apple Computer Inc. de Cupertino, Califórnia, estavam acostumados a ver passar pelas fábricas uma pessoa de aspecto jovem e frágil, vestida ao estilo texano, com botas e camisa de vaqueiro.

Era Steve Jobs, presidente do conselho de administração da empresa.

Aos 26 anos, Jobs dirigia uma empresa que há alguns anos ocupava um cômodo e a garagem da casa de seus pais e que em 1982 alcançaria a venda de 600 milhões de dólares”.

Desde muito cedo, Jobs sentiu-se atraído pela tecnologia e juntamente com um amigo, Stephen Bozniak, construíam e vendiam pequenos aparelhos eletrônicos.

Trabalhou na Hewlett Packard e na Atari, até que seu amigo Bozniak desenhou um pequeno computador e percebeu o potencial que poderia chegar a ter.

Pediram emprestados 1300 dólares, procuraram outros sócios, redesenharam os protótipos, redigiram manuais de instruções bem simples, e começaram a vender o primeiro “computador pessoal” da história.

Em 1977, as vendas chegaram a quase 3 milhões de dólares, em 1980 a 200 milhões, em 1982 a 600 milhões e em 1983 a mais de 4 bilhões.

Time afirma que “a supervisão do inusitado crescimento da empresa manteve Steve Jobs muito ocupado para pensar seriamente em que investir os enormes ganhos…

Como chefe, Jobs às vezes foi altivo e até muito duro com seus subordinados.

Ele admitiu que ainda lhe faltava muito a aprender e que deveria se controlar melhor.

Jobs teve a visão de construir uma das mais importantes empresas americanas a partir de um brinquedo, mas também demonstrou que tem a habilidade e a visão suficiente para dirigir essa empresa…”

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Fonte: José Maria de Anzizu – Bacharel em Direito pela Universidade de Barcelona, Diplomado em Direção de Empresas pela Universidade de Harvard e Colaborador do Instituto de Estúdios Superiores de la Empresa, da Universidade de Navarra.