Em todas as Escolas de Direção de Empresas repete-se constantemente a necessidade de inovação e mudança.

A empresa não é um fenômeno estático; pelo contrário, sua própria natureza é dinâmi­ca.

Nasce, cresce, reproduz-se, renova-se ou morre.

A renovação mais natural é dar entrada a mulheres diretoras, aproveitar uma criatividade e imaginação que até agora não foram utilizadas.

Pode ser igual, diferente, pior ou melhor, mas é evidente que existe uma fonte de recur­sos inexplorados, com excelente forma­ção acadêmica e prática, que estão subutilizados e que podem representar uma mudança de estilo, ou até de política e fi­losofia, na empresa.

Dissemos que a estratégia adequada para escalar os postos de decisão é reco­nhecer a estrutura masculina do poder, adaptar-se a ela, buscar protetores, alian­ças com outras mulheres, conhecer o sis­tema subterrâneo, falar seu idioma e, uma vez alcançada a meta, seguir este modelo em maior ou menor grau, segundo o poder conseguido.

Se a mulher deve adaptar-se ao siste­ma do homem, como poderá ser ino­vadora?

Os fatores que influirão na mudança de sexo na direção são mais questão de gerações do que sexo:

  • Um número crescente de chefias femininas com aspirações.
  • A dualidade família-profissão será assumida pelo casal e por todos os empregados, não só pelas mulheres.
  • A síndrome da supermulher (aquela que se impõe apesar de tudo) desaparecerá e se abrirá a possibilidade da integração da mulher normal.

Mas isto não basta.

Descobrir a identidade real da mulher é o grande desafio da década de 80.

Recriar a própria natureza é uma gran­de e perigosa aventura; é necessário co­ragem para enfrentá-la.

A mulher tem que encontrar seu lugar no mundo eco­nômico com um estilo próprio.

O feminismo radical criou a imagem de uma feminilidade egocêntrica quando a mulher busca um humanismo integral cuja identidade está além da mulher liber­tada e da mulher tradicional.

A revolu­ção feminina é uma luta de valores hu­manos.

Nesses tempos históricos, as mu­lheres têm um sentido novo; são convo­cadas a se tornarem depositárias da co­ragem existencial da Humanidade.

O feminismo fez a mulher entrar no mundo dos homens; a mulher livre descobriu-se a si mesma em profundidade e está em disposição de mudar este mundo até agora masculino e dominante.

A es­perança é a mulher penetrando nos centros de decisão: é a mudança de estilo, é o surgimento na relação com as pessoas de um fator mais real e natural, mais hu­mano e vital.

Recordemos o estilo Beta de direção do Centro de Pesquisa de Stanford, que já representa o reconhecimento da conveniência da mudança para o feminino.

Empresários e diretores dos Estados Unidos, diante da concorrência dos japoneses e alemães e da queda da produtivi­dade norte-americana, chegaram à con­clusão de que os Master Business Administration não eram instrumentos adequa­dos para formar diretores e pediram um estudo à Universidade de Harvard.

O psi­cólogo David McClelland comprovou que os MBA, preparados segundo o antigo método Alfa masculino de agressividade e certeza matemático-linear, respondiam corretamente a estas provas e eram os mais agressivos, mas não eram os mais efetivos, nem os mais eficientes, nem os mais aptos.

Na realidade, os que se comportavam como competentes e sensíveis na tarefa de entender-se com o povo e de saber perceber suas necessidades de interesses especiais eram os de tipo Beta.

Situação da mulher diretora nos Estados Unidos

Em fevereiro de 1983, Susan Scheffer-Stautberg, na European Women Management Association, ofereceu uma diáfa­na visão das revoluções femininas nos Es­tados Unidos.

As duas revoluções não violentas tiveram lugar de forma gradual e não persistem entrelaçadas.

A primeira, na década de 60, foi a feminista pelos direitos da mulher, que continua ainda hoje.

A segunda, nos anos 70, foi quando a mulher entrou no mercado de trabalho.

Nos úl­timos vinte anos, o número de mulheres que trabalham aumentou em 75%, ou se­ja, em números absolutos, 21 milhões de mulheres, segundo estatísticas do Depar­tamento de Trabalho dos Estados Uni­dos.

Na atualidade, mais de 60% das mu­lheres entre 25 e 55 anos estão emprega­das.

As motivações para que trabalhem são, basicamente:

  • Por necessidade econômica.
  • Para melhorar o padrão de vida fami­liar com um ganho adicional.
  • Para ampliar horizontes.
  • Para se auto realizar.

A autonomia que conseguiu a mulher que trabalha transforma a ideia que tem de si mesma, da família e do mundo administrativo.

Atualmente, há várias categorias de trabalho que empregam mais mulheres do que homens:

  • Setor de seguros, inspetores, agentes, etc.
  • Corretoras imobiliárias.
  • Trabalhadoras em processos de produ­ção em cadeia.

Mas para as posições de alta direção as mulheres encontram grandes obstácu­los.

Quanto mais alta a posição, mais for­tes os obstáculos.

Um estudo de Korn / Ferry Int e da UCLA sobre mulheres vice-presidentes em 300 corpora­ções revelou que estão solitárias no top; 63% opinou que as barreiras para subir à alta direção não haviam desaparecido e 70% indicou que recebiam salário infe­rior ao dos homens.

Entre chefes de departamento (mandos intermediários), as estatísticas de mulhe­res chegam até 15%, mas geralmente che­gam muito tarde a esta situação para per­mitir-lhes uma escalada para o top.

Cerca de 50% das grandes firmas de auditoria há seis ou sete anos que empre­gam um contingente excepcional de mu­lheres.

Também o número das graduadas femininas aumentou consideravelmente (60% dos formados em contabilidade).

É muito maior o número dos homens que mudam de emprego por razões de tra­balho do que mulheres por razões fami­liares.

Somente uma mulher em cada quinze abandona o emprego por pressões familiares.

A mulher é muito mais fiel à companhia em que trabalha do que o homem, que muda com mais frequência para conseguir promoções.

As mulheres são vistas primeiro por seu sexo, segundo como criativas e so­mente em terceiro lugar como executivas.

Acredita-se em suas capacidades intelec­tuais e acadêmicas, mas não em sua ha­bilidade política.

O maior e mais relevante fenômeno de nosso tempo é o enorme número de mulheres que entra no mercado de trabalho.

Suas consequências, a longo prazo, são absolutamente imprevisíveis.

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Fonte: Mercedes Pániker – É licenciada em Ciências Químicas pela Universi­dade de Barcelona. Diplomada pelo IESE, dirigiu sua própria empresa familiar. É consultora do Centro Internacional de Comércio de Genebra.

Categorias: RECURSOS HUMANOS