A mulher na alta direção rompe o equilíbrio do grupo masculino.

Em 1977, 50% das companhias dos Es­tados Unidos tinha 5% de mulheres co­mo gerentes; 75% tinha 2% de mulheres em chefias intermediárias.

A presença da mulher muda a identi­dade do grupo.

Inconscientemente, os ho­mens as submetem à prova em três direções:

  • Social.

Quer servir o café?

Poderia lim­par a geladeira?

A mulher faria bem em rejeitar estas ocupações, desde o primei­ro momento, sem violência, mas sugerin­do, por exemplo, fazê-lo por turnos.

  • Sexual.

Insinuações, comentários, fler­tes, que ela nem deveria deixar começar, voltar sempre ao trabalho e defender-se, se necessário, com a mudança de lugar ou relacionando-se com outros superiores.

  • Intelectual.

Será interrogada sobre te­mas complexos.

Com responsabilidade deve responder às possíveis provas de pre­paração e profissionalidade, sem levar conta status nem sexo, com máxima objetividade.

A mulher em organizações dominadas pela cultura masculina, como é a direção de empresas, deve acreditar em sua com­petência, ter grande confiança em si mes­ma e preparar-se, não para imitar o ho­mem – as imitações são sempre piores do que o original, mas para conhecer o sistema de relações informais dos dire­tores.

Isto é importante, porque está num mundo estranho.

A mulher acredita nas estruturas formais, na definição de fun­ções, nos organogramas, nas funções po­líticas tais como deveriam ser, mas não está muito preparada para enfrentar o sis­tema informal de relações, laços de de­pendência e lealdade, favores recebidos e dados, relações de proveito mútuo, etc.

A mulher se esforça por realizar um trabalho cada vez melhor.

Confia em sua competência e sua eficácia e trata de aumentá-las atuando melhor.

Confia em suas funções, mas não está consciente de que para subir é preciso aparecer, apoiar-se no chefe de maior influência, conhe­cer o sistema informal da empresa e não esperar que alguém a note.

O homem re­presenta seu papel segundo o que julga que se espera dele; a mulher age segundo seu conceito, porque no fundo o que se espera dela é a reprodução.

A mulher tem uma concepção dela mesma, da organização e das pessoas que a compõem.

Comporta-se segundo esta opinião e espera que a organização e suas pessoas respondam à ideia que se fizeram dela, quase sempre fundada em princípios morais e de como deveria ser.

Mas a realidade das motivações do grupo humano da empresa está longe de refletir o que deveria ser.

Para a mulher diretora, ou pa­ra aquela que deseja a posição, custa mui­to aceitar que seus superiores e iguais se orientem por motivos muito diferentes daquilo que ela julga, e também daquilo que dizem.

A questão não é pretender mudar a si mesma, sobre o que não tem grandes possibilidades, e libertando-se de todos os vestígios de sua educação, mas manejar inteligentemente a inter relação entre o que ela é e o meio empresarial que a cer­ca.

Tentar manejar o sistema masculino em que se encontra, em concorrência com o homem que criou o sistema a seu modo.

Pode-se legislar contra a discrimina­ção, mas não se pode legislar a integra­ção.

As opiniões, as suposições, as crenças que as pessoas têm sobre elas mesmas ou os outros são intocáveis pela lei.

Uma mulher quase nunca empreende uma carreira para ganhar dinheiro e che­gar ao poder, como faz o homem, mas como auto realização por vocação, por satisfação, a fim de contribuir para o bem-estar dos outros.

Para a mulher, seu trabalho é um aqui e agora.

Sua realida­de está relacionada com as condições pes­soais, não com as circunstâncias.

A questão fundamental para a mulher que quer fazer carreira é planejar sua atuação e considerar seriamente se está ou não disposta a escalar a direção.

Por exemplo, uma mulher muito ati­va em obras sociais, recolhendo fundos e administrando-os, repentinamente fica viúva e tem que começar a trabalhar.

Passa-lhe pela mente apenas que sabe guiar bem e conhece todas as ruas da cidade.

Começa a trabalhar de motorista de táxi.

Conversando com um banqueiro que conhecia, explica-lhe que precisa ga­nhar dinheiro, por isso trabalha num car­ro de praça.

O banqueiro, que conhecia seu desempenho anterior com os serviços sociais da comunidade local, oferece-lhe fazer um curso de formação empresarial.

Pouco tempo depois era vice-presidente da relações públicas do banco.

Por que a mulher não valoriza seu passado e sua experiência social?

Como estranha que é no mundo masculino, não deve provocar defesas nem desvantagens para os de dentro.

O estranho precisa de apoio, conselho, informa­ção.

Que seu estilo não seja nem muito masculino (duro, agressivo), nem muito feminino (suave, emocional, sem inicia­tiva).

Não deve aborrecer-se nem mostrar indignação; os outros homens do grupo não suportariam isso.

É preciso partici­par da identidade do grupo masculino.

A mulher espera ser descoberta, convidada, solicitada para que aceite uma promoção.

Não é assim; deve aprender a linguagem do mundo masculino, como quando se vai a um país estrangeiro (bus­car guias, protetores, amigos).

Tem que viver numa cultura estranha, que é a estrutura do poder.

A mulher deve educar- se para conseguir os conhecimentos objetivos e a habilidade de conduta para movimentar-se na área competitiva.

A sensibilidade da mulher às atuações emocionais não a impedem de usar os meios instrumentais.

Seria muito mais sa­dio para homens e mulheres conjugar o mundo instrumental e o afetivo.

É criati­vo para homens e mulheres manifestar tanto sentimentos como ideias e usar tan­to o instinto como a lógica.

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Fonte: Mercedes Pániker – É licenciada em Ciências Químicas pela Universi­dade de Barcelona. Diplomada pelo IESE, dirigiu sua própria empresa familiar. É consultora do Centro Internacional de Comércio de Genebra.

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