O comércio é a última fase do processo de circulação econômica e constitui um dos pilares mais importantes da ponte que une a produção ao consumo.

Se não existisse o comércio e os comerciantes, os produtores teriam de ir em busca dos consumidores para seus produtos.

Do ponto de vista macroeconômico, quatro são as funções do comércio:

  • Superação do obstáculo geográfico.

Levar os produtos dos centros de produção, ou dali onde existem em abundância para os lugares de consumo ou onde existe escassez.

  • Superação do obstáculo temporal.

Comprar e guardar os produtos, de forma que estejam disponíveis para o consumidor na época em que deles necessitar, independentemente do momento em que são fabricados.

  • Superação do obstáculo de tipo quantitativo.

Agrupar as quantidades segundo as necessidades do consumidor.

  • Superação do obstáculo de tipo qualitativo.

Adaptar os produtos às preferências do consumidor.

O carregamento de caminhões em navio mercante. Seu transporte do porto de embarque para os lugares de venda permite superar os obstáculos geográficos, o que constitui uma das funções do comércio do ponto de vista macroeconômico.

Objetivos e consequências das funções comerciais

O estudo das funções do comércio constitui o primeiro passo para o estabelecimento da política de distribuição.

O conhecimento da variedade de possíveis tarefas parciais serve tanto aos comerciantes ou à empresa comercial como à empresa fabricante, já que de seu estudo se podem tirar consequências práticas para ambos.

Para a empresa industrial, o conhecimento dessas tarefas parciais coloca-a em condições de determinar quais são as mais decisivas para a comercialização de seu produto, levando em consideração tanto suas características físicas como a clientela à qual se destina.

Também lhe permite comprovar se as tarefas consideradas decisivas para determinado produto são levadas a cabo por intermediários disponíveis no mercado, e se eles as executam adequadamente.

Nesse caso, é interessante verificar se razões de índole comercial ou de prestígio tornam mais conveniente dispensar os intermediários, passando a própria empresa a realizá-las.

No caso de confiar a execução de uma ou de todas as tarefas específicas aos intermediários, a empresa deve estudar as condições, tanto do ponto de vista econômico como do apoio em sua execução.

Para o comerciante, o conhecimento das funções e tarefas específicas do seu comércio proporciona-lhe um ponto de referência para comparar o que pode fazer em determinado setor e o que na realidade faz.

Essa comparação tem uma finalidade tríplice:

  • Configuração da empresa comercial.

Do ponto de vista da concepção e direção de seu comércio, ele pode analisar em que setores existem obstáculos – e de que tipo – entre a produção e o consumo ou entre o setor da oferta e o da procura, e quais são as tarefas específicas necessárias à sua superação.

  • Atuação frente à concorrência.

A análise das tarefas específicas do comércio, comparando suas diferentes formas, serve de base para estabelecer a linha a adotar frente à concorrência, ou para copiá-la ou diferenciar-se dela.

Muitas das variantes mais recentes (venda por correio, por telefone, estabelecimentos de desconto, etc) surgiram inicialmente da concepção de uma nova combinação de tarefas específicas em um dos campos antes mencionados.

  • Atuação frente às tendências de exclusão do comércio.

O estudo comparativo permite fazer frente às tendências de exclusão do comércio, em determinados setores e campos, tanto por parte da empresa industrial como por formas de comércio competidoras.

A partir de uma análise das funções e tarefas específicas do comércio, é mais fácil determinar se os intentos de exclusão por parte de terceiros se devem à deficiente execução de tarefas ainda necessárias ou à sua obsolescência e caducidade.

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Fonte: José M. Veciana Vergés – Doutor em Ciências Econômicas pela Universidade de Frankfurt, Catedrático e Diretor do Departamento de Economia de Empresas na Universidade de Barcelona.