Há cinco mil anos, no período neolíti­co, produziu-se a chamada revolução agrícola.

O homem aprendeu a cultivar a terra e a criar gado, com a ajuda de metais que então começou a fundir, o cobre, o bronze ou o ferro.

Esta revolução mu­dou seus hábitos de vida.

Ele deixou de ser nômade e caçador, estabeleceu-se den­tro de limites territoriais estáveis e fez nascer as cidades.

Apareceram a hierarqui­zação social, a divisão funcional do trabalho e as primeiras formas políticas.

Ainda que se lhe aplique o termo revolu­ção, esse processo foi muito lento.

Passaram-se vários milênios antes que se produzisse a segunda mudança, reali­zada há menos de dois séculos e denomi­nada revolução industrial.

Surgiu a par­tir da descoberta de novas formas de ener­gia, como o vapor, o petróleo e a eletricidade, que já não se baseavam exclusivamente no esforço físico do homem ou do animal.

Isso permitiu a mecanização das fábricas e a implantação dos grandes processos de produção.

Criou-se mais ri­queza, para mais gente e com menos es­forço.

Foi um grande avanço que, ao re­duzir o tempo dedicado ao trabalho, encaminhou mais pessoas para os processos mais criativos (estudos superiores, ciên­cia e cultura).

A indústria nascente absor­veu os excedentes da mão-de-obra da agricultura.

Surgiram as grandes cidades modernas e as formas políticas democráticas que os países mais desenvolvidos praticam.

A era tecnológica

Se a etapa da revolução agrícola du­rou cinco mil anos, a etapa da revolução industrial durou apenas duzentos, na me­lhor das hipóteses.

Muitos países iniciaram-na tardiamente, alguns depois de o século XX estar bem adiantado.

Há alguns que nem chegaram ainda a seu término, quando já se abre outra etapa, o que Alvin Toffler chama a terceira onda.

E a revolução científica e tecnológica, e desta vez não vai durar milênios nem séculos; quando muito, alguns decênios.

Desde os princípios da História, a ri­queza das nações mediu-se por seu poder agrícola, por seus rebanhos, ou pelos me­tais e minerais preciosos que se encontravam em suas jazidas.

A partir da revolu­ção industrial, e ainda hoje, a riqueza das nações mede-se sobretudo por aquilo que suas fábricas são capazes de produzir: unidades de automóveis, toneladas de aço, metros de tecido, etc.

Já e cada vez mais, porém, a riqueza começa a ser me­dida por outros parâmetros.

O mais importante não é nem a matéria-prima, nem o volume da produção.

Agora aparece em primeiro lugar outro elemento: o nível de conhecimento ou de tecnologia que se incorpora aos produtos.

Essa medida, embora muitas vezes in­tangível é bastante real.

Demonstram-no países como o Japão, a República Fede­ral da Alemanha ou os Estados Unidos: as nações capazes de incorporar às suas fábricas as descobertas da revolução científica e tecnológica, tomam a dianteira no mundo.

Já não se trata de produzir mais, co­mo durante a revolução industrial, mas de conseguir avanços qualitativos. Não há necessidade de fabricar mais aço do que antes.

Pelo contrário, esta indústria está superdimensionada em quase todos os países, os quais se veem na necessidade de reduzi-la através de reconversões.

Também não se trata de economizar mão-de-obra ou esforços físicos como outrora, porque este avanço já se realizou.

Hoje, num país desenvolvido, apenas 5% da população trabalha no campo, e com pouca mão-de-obra produzem-se grandes colheitas, graças à mecanização.

Em vez de aumentar a mão-de-obra, busca-se um melhor aproveitamento dos recursos agrícolas, através de processos como a seleção genética das sementes, a irrigação, a adubação criteriosa.

O gran­de desafio da agricultura situa-se nas técnicas de transformação de derivados do campo e na comercialização.

No setor têxtil, criatividade em moda é o bem mais apreciado de países que, como a Itália, estão se colocando na vanguarda do se­tor, independentemente da quantidade de metros de tecido que produzam.

Em resumo, o fator econômico chave, no futuro, será a incorporação aos pro­cessos de produção dos avanços que a revolução científica e tecnológica propor­ciona.

Esse processo de assimilação de novas técnicas na empresa passou a ser chamado inovação.

Realiza-se, além dis­so, numa velocidade crescente.

Basta re­cordar, por exemplo, que entre a descoberta da fotografia e sua exploração industrial passaram-se mais de 110 anos; com o rádio, esse caminho foi percorri­do em menos de 40 anos, e com o radar em menos de 20.

Hoje, a aplicação indus­trial das últimas descobertas é praticamente imediata: o transistor saiu dos laboratórios e chegou às lojas em menos de dez anos, e para o circuito integrado fo­ram suficientes cinco anos.

As indústrias que não souberam preparar-se para estes acontecimentos – talvez muito “ocupadas” em explorar uma carteira de produ­tos antigos e defasados – figuram hoje, muitas vezes, na triste lista dos casos es­tudados nas escolas de negócios como exemplos de condutas empresariais que não devem ser imitadas.

A automação não visa simplesmente a substituir o trabalhador, e sim liberá-lo para outras funções.

A necessidade de antecipação

Em todos os casos de mudanças ace­leradas, antecipar-se ao futuro chega a converter-se numa necessidade estratégi­ca, de estrita sobrevivência, para as empresas.

Instituições especializadas, como o Hudson Institute ou o Institute for the Future, recebem de numerosas empresas a encomenda de custosos estudos prospectivos que permitem chegar a certas conclusões sobre os cenários do futuro imediato.

Um desses estudos, O futuro da em­presa e o ambiente da direção, 1975-1985, concentrava-se precisamente na análise de três questões básicas: a inovação tecnológica, o impacto da mudança de valores e estilos de vida e o impacto das empresas multinacionais e internacionais.

Trin­ta empresas norte-americanas e outras tantas estrangeiras mostraram-se dispostas a custeá-lo, desembolsando cada uma delas 12 mil dólares, em 1969!

Para onde apontam todos estes estu­dos?

Evidentemente, para a identificação de casos concretos nos quais possam coin­cidir uma oportunidade técnica e uma necessidade social.

Em todos esses estudos há uma diretriz básica: a inovação – se­ja ela do tipo que for – é antes de tudo uma oportunidade que não se deve dei­xar escapar.

A oportunidade, como os trens, se passou não volta mais.

Evidentemente, identificar coincidên­cias entre necessidades (ou demandas) e capacidades é mais fácil de realizar em caráter retrospectivo.

Hoje pode-se ver, por exemplo, que a crise dos jornais no final dos anos sessenta coincidiu com a apli­cação extraordinariamente rápida de sistemas computadorizados de composição e a implantação da televisão.

Os efeitos da tecnologia, uma incógnita

Em qualquer caso, a indagação dessas oportunidades exige uma análise dos efeitos secundários produzidos pela inovação até um determinado momento.

Dito de outra forma é necessária a avaliação dos efeitos que a tecnologia veio produzindo em todos os níveis, e dos novos caminhos que vai abrindo sua progressiva implan­tação tanto no sistema produtivo como na vida privada.

O impacto da tecnolo­gia da informatização sobre o nível de emprego, por exemplo, ainda está sendo questionado.

Mas esta discussão nunca deverá esquecer aspectos de tanta relevân­cia como seus efeitos sobre a qualidade do trabalho, sobre os sistemas de produ­ção ou sobre a própria estrutura das organizações.

A brusca elevação do preço mundial do petróleo em 1973 desencadeou uma grave crise que forçou a transformação do panorama energético dos países industrializados.

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Fonte: Carlos Ferrer Salat – Presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (1977 – 1984). Fundador do Banco da Europa e de Ferrer Inter­nacional S.A.