Nos últimos anos, dois processos se entrecruzaram.

O primeiro é um processo estrutural do qual já falamos: a revolução científica e tecnológica.

Um dos seus principais efeitos foi endurecer a concor­rência entre países e entre empresas.

Esta mudança deixou prematuramente an­tiquadas as fábricas mais antigas, as que não puderam ou não souberam renovar-se.

Acentuou ainda mais o processo de se­leção natural que se dá entre as empresas que competem num sistema como o ocidental, presidido pela economia de mer­cado.

Muitas empresas fecharam.

Outras tiveram que reduzir sua capacidade de produção.

E, finalmente, outras foram reconvertidas.

Mudaram de atividade pa­ra satisfazer a demanda de novos produtos que vieram substituir os tradicionais.

A característica da renovação industrial foi o transvasamento de mão-de-obra da agricultura para a indústria.

Hoje, a ca­racterística da evolução científica e tecnológica é o transvasamento de mão-de-obra da indústria para outros campos, especialmente o dos serviços.

Esse processo viu-se perturbado por um outro que, a princípio, tinha caráter conjuntural: a crise econômica suscitada nos primeiros anos da década de 70 com o súbito encarecimento das fontes de energia, e cujos efeitos ainda sofremos.

Tal crise é na realidade uma mutação, porque quando acabar nada voltará a ser como antes.

A crise endureceu ainda mais o proces­so de mudança, ao reduzir a capacidade dos mercados e deprimir a procura em todo o planeta.

Fez escassear o dinheiro, que por isso mesmo ficou mais caro, o que dificulta os novos investimentos e produz uma esteira de desemprego em todas as nações.

Para concluir, ambos os vetores soma­dos – mudança tecnológica e crise eco­nômica – impeliram as empresas para a inovação.

Na realidade, a inovação foi sempre um imperativo do sistema de economia de mercado, no qual a concorrência obriga à auto superação constante.

Se uma em­presa não melhora seus produtos, outra o fará e ficará com o mercado.

Se, po­rém, em circunstâncias normais a inovação é conveniente, em circunstâncias de crise e mudança tecnológica passa a ser um imperativo iniludível.

Por isso, a inovação na empresa converteu-se num desafio, e é hoje sinônimo de capacidade de adaptação à mu­dança e de superação da crise.

O que é inovar?

Inovar significa introduzir modifica­ções na maneira de fazer as coisas, para melhorar o resultado final.

É, portanto, um conceito muito amplo.

Não se refere apenas a novas tecnologias complexas que a ciência moderna pôs ao nosso alcance.

Refere-se também, e previamente, a uma nova mentalidade, pela qual entendemos que todos os métodos e sistemas são suscetíveis de serem melhorados, e por isso mesmo são provisórios e transitórios.

Inovar é baixar um preço para con­quistar uma maior fatia do mercado, ou melhorar um produto antigo (mesmo a maior preço) ou descobrir um novo uso para produtos já conhecidos.

Neste sentido, um dos grandes pensa­dores da ciência empresarial, Peter Druc­ker, já há algum tempo afirmava: “… o comerciante, que conseguisse vender fri­goríficos aos esquimós para evitar o con­gelamento dos alimentos, sem dúvida se­ria tão inovador como o que tivesse desenvolvido um novo processo ou inven­tado um produto”.

Por isso, é importante frisar que a ino­vação pode ter lugar em qualquer das fa­ses de qualquer negócio.

Não está limita­da ao fator técnico ou à pesquisa; pelo contrário, alcança todas as formas de produção e de comercialização, todos os serviços.

E acabará afetando a própria estrutura da empresa.

O ponto de partida de qualquer pro­cesso de inovação é, por conseguinte, fo­mentar a criatividade e o gosto por aqui­lo que é novo, estimular a imaginação de cada pessoa que intervém num processo de produção de qualquer bem ou servi­ço.

Como se pode ver, este labor tem pou­co a ver com a aplicação de custosas tecnologias.

Embora essas sejam uma consequência natural, um processo de inovação tem que dar outros passos.

Assim o entenderam as empresas que se regem por critérios mais avançados e que geralmente ocupam as posições de liderança em seus mercados.

No Japão e nos Estados Unidos, já funcionam os cha­mados círculos de qualidade.

Pelo número de patentes solicitadas, tem-se uma ideia da tendência inovadora que anima as atividades empresariais de um país. Essas patentes podem ser requeridas por interessados (em cor mais escura no gráfico) ou não-residentes (em cor mais clara). No primeiro caso, os números medem o esforço próprio no sentido do desenvolvimento tecnológico; no segundo, informam sobre a entrada de tecnologia estrangeira.

Os círculos de qualidade são reuniões periódicas de grupos de empregados de uma empresa que fazem parte da mesma equipe de produção.

Em tais círculos fazem-se autocríticas do trabalho realiza­do e examinam-se as possibilidades de melhorá-lo.

É um sistema de auto- superação constante, por meio da introdução de inovações fornecidas pelos pró­prios trabalhadores.

Desse ponto de vis­ta, é uma fórmula típica do processo de inovação, entendido de maneira ampla e não apenas como simples assimilação de tecnologia.

Em outras empresas, como a multina­cional IBM, fazem-se regularmente cam­panhas entre os empregados para estimu­lar o surgimento de ideias, que são incen­tivadas mediante gratificações.

As ideias assim solicitadas podem abordar qualquer aspecto do funcionamento da companhia: desde a modificação de uma máquina para melhorar seu rendimento, até a distri­buição mais racional dos espaços para es­tacionamento.

A companhia promove, então, um estudo econômico para calcu­lar quanto poupa (ou produz) a aplica­ção da ideia.

Se o resultado do estudo for positivo, a ideia entrará em vigor e o empregado será premiado.

Como se pode ver aqui, o conceito de inovação está intimamente ligado ao con­ceito de melhoria da produtividade.

Fonte: Frost and Sullivan, Inc. em Robots swing into the “arms” race, de John J. Obrzut

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Fonte: Carlos Ferrer Salat – Presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (1977 – 1984). Fundador do Banco da Europa e de Ferrer Internacional S.A.