Daquele relatório elaborado pelo “Clube dos 60” conclui-se que a participação do Estado é decisiva sobretudo na pesquisa, mais do que no desenvolvimento.
Mas é preciso sublinhar que a grande missão do Estado é eliminar os impedimentos que desanimam o trabalho de pesquisa por parte das empresas, deixando que estas acolham seus próprios objetivos.
A liberdade de escolha e sua multiplicidade permitirão minimizar os custos no esforço inovador e investigador.
Portanto, além de remover os obstáculos, estabelecendo medidas gerais que alcancem todas as empresas, o Estado deve manter um diálogo permanente com elas.
As necessidades básicas
A primeira necessidade – um primeiro critério – é a realização de um inventário exaustivo dos centros de investigação existentes, para analisar-se posteriormente a possibilidade de integrá-los nos diferentes programas predeterminados.
Outro critério refere-se à filosofia com que são aplicados os recursos públicos para a pesquisa: estes devem orientar-se mais para o financiamento de programas do que para a instalação de centros de pesquisa.
Nesse sentido, será conveniente estabelecer uma fórmula que destine a cada centro oficial de pesquisa uma dotação básica para equipamentos e formação permanente de pessoal, recebendo o resto do financiamento através de programas concretos de trabalho do qual participe.
É evidente que cada centro oficial de pesquisa deveria limitar-se a um dos programas concretos fixados pelo Estado, em função de sua capacidade de colaborar dentro dele.
Além do orçamento adequado, cada programa de pesquisa deveria contar com outros requisitos importantes: limite de tempo, fixação de um diretor responsável pelo mesmo, criação de uma comissão de acompanhamento para avaliar o andamento do trabalho.
Em países com orçamentos reduzidos para pesquisa e desenvolvimento, a fixação de programas prioritários de pesquisa pode responder à conveniência de desenvolver tecnologias horizontais, que sirvam ao mesmo tempo para vários setores produtivos e não para um só; para a racionalização dos setores em crise; para o estudo de energias alternativas; para a busca de melhorias na balança de pagamentos; para a otimização de recursos disponíveis de evidente influência; para corrigir desequilíbrios regionais, etc.
Tais programas – que muitas vezes não existem ou não estão formulados com suficiente clareza – deveriam ser amplamente conhecidos pelos departamentos das diferentes universidades e por todas as empresas, facilitando ao máximo às possibilidades de harmonização entre umas e outras. Isto asseguraria o correto direcionamento da investigação e a otimização dos recursos.
Todas estas são medidas básicas para ordenar a investigação realizada com fundos públicos, abrindo-a para a colaboração das empresas mediante a coordenação de esforços que talvez se encontrem dispersos.
O Estado ainda pode, contudo, desempenhar outro papel decisivo no apoio concreto à investigação realizada com fundos privados.
Da mesma forma como no caso dos centros oficiais de pesquisa, o Estado deve realizar também um certo inventário dos centros privados de pesquisa que existem em cada país, homologando suas estruturas e criando, se for preciso, uma carta de pesquisador.
A médio prazo, o conhecimento detalhado da situação global permitiria promover a concentração daquelas tecnologias que não tivessem alcançado massa crítica suficiente.
Evidentemente, as medidas de apoio à investigação não se esgotam nas assinaladas, e permitem um amplo leque de possibilidades.
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Fonte: Carlos Ferrer Salat – Presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (1977 – 1984). Fundador do Banco da Europa e de Ferrer Internacional S.A.