“Uma nova raça de empresários”: a expressão, devida a um dos altos diretores da IBM, exprime claramente as diferentes necessidades do funcionamento empresarial.
Essa “nova raça” deverá demostrar habilidade política e credibilidade moral, além de competência técnica e capacidade empresarial.
Para ser profissional, ela deverá ter uma profissionalidade semelhante à dos médicos chineses, e não à dos feiticeiros africanos.
Os médicos chineses compartilham seus conhecimentos com os pacientes com a finalidade de permitir-lhes ajudar-se a si mesmo; os “médicos feiticeiros” fazem segredo dos seus conhecimentos profissionais, para utilizá-los como instrumentos de poder e dominação sobre os membros de suas tribos.
A capacidade empresarial precisa ser, em ampla medida, vulgarizada e generalizada.
Numa situação ideal, o maior número possível deveria passar pelas posições de direção em algum momento de sua vida, durante um certo tempo.
Os “empresários utópicos”
Se houver de novo esperança e fascinação pelo futuro, apesar da grandeza dos riscos, muitos progressistas tomarão esse punhado de esperança como o brilho de ouro que atraía os pioneiros para a costa oeste do continente americano.
Visto que a inovação social sempre acompanhou a inovação tecnológica durante mais de dois séculos – Van Marken foi uma exceção – para que o futuro mantenha sua promessa, é urgente uma mudança real, um impulso na renovação social que permita criar novas estruturas.
Em lugar dos barões-bandidos e aventureiros da primeira revolução industrial, agora necessitamos de empresários sociais que ponham de lado os preconceitos e experimentem novos caminhos e realizações imaginosas.
E que não tenham, evidentemente, medo das utopias.
Pessoas: valores, expectativas e condutas Em última análise, as condições materiais e a organização social encontram-se subordinadas ao fator determinante final: as pessoas. O que o público espera, valoriza e quer é o que finalmente determinará todas as condições externas. A história está cheia de exemplos de povos que sobreviveram e superaram condições extremamente adversas. O fator crítico é o chamado fator de socialização: se em alguma parte uma pessoa deseja algo contra as condições externas, as probabilidades de êxito são quase nulas. Somente quando as ideias, os valores e os desejos são compartilhados conscientemente, estará nascendo uma força social. As pessoas têm sentimentos, valores, desejos e até prioridades que são conflitivos. É muito difícil prever, dentre as numerosas expectativas, qual será realmente a predominante e chegará a ser uma força social. O fenômeno é parecido com o das correntes no fundo do mar: não são visíveis na superfície e, com frequência, são imprevisíveis; quando, porém, adquirem certa intensidade podem ter efeitos determinantes. Muito mais agora e nos anos que virão, dado que a moderna tecnologia das comunicações é um poderoso agente de rápida “socialização”. |
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Fonte: Roger Talpaert – Diretor da Fundação Europeia para o Desenvolvimento da Direção e prêmio Leon Bekaert (1981) pelo trabalho “Les pionniers d’un nouvel age“.