Por várias razões, é possível que em muitas empresas integradas os mercados para compra ou venda de produtos estejam limitados.
Em primeiro lugar, a existência de capacidade interna pode limitar o desenvolvimento da capacidade externa.
Se a maioria das grandes empresas de um setor da economia está altamente integrada, como acontece no caso das indústrias de papel, a tendência é haver pouca capacidade de produção independente para os produtos intermediários.
Portanto, esses produtos só podem provocar uma demanda limitada.
Quando a capacidade interna está no ponto de saturação, o mercado inunda-se rapidamente com uma imensa demanda por estes produtos intermediários.
Mesmo no caso de haver capacidade externa, é possível que as empresas integradas não possam utilizá-la, a menos que o façam em base regular.
Se a empresa não compra regularmente um produto, pode ser que tenha problemas para obtê-lo quando sua capacidade interna não for suficiente.
Em segundo lugar, se uma empresa fez um investimento significativo em instalações, é pouco provável que utilize fontes externas mesmo que haja capacidade exterior, a menos que o preço de venda no exterior seja similar ao custo variável da empresa, o que não costuma acontecer.
Do ponto de vista prático, o produzido internamente é mais econômico do que o comprado no exterior.
Preços competitivos
Mesmo quando se recorre ao mercado externo, o preço de transferência que melhor satisfaz os requisitos de um sistema de centros de benefícios continua sendo o preço competitivo.
De um lado, os preços comparativos medem a contribuição de cada centro de benefícios ao total dos benefícios da empresa.
Se não dispõe de capacidade interna, a empresa pode comprar externamente a preços competitivos.
A diferença entre o preço competitivo e o custo interno representa os recursos poupados pelo fato de fabricar em lugar de comprar.
De outro lado, o preço competitivo mede de atuação de um centro de benefícios, comparando-a com a concorrência.
Por último, os preços competitivos são normalmente independentes das condições internas.
O problema está na seguinte questão: como é que uma empresa obtém um preço competitivo se não compra nem vende o produto no mercado exterior?
A seguir, apresentam-se algumas formas de realizá-lo:
- Dispondo-se de preços de mercado publicados, podem ser utilizados para estabelecer os preços de transferência, desde que sejam preços realmente vigentes e que as condições do mercado exterior sejam coerentes com aquelas dentro da empresa; por exemplo, preços de mercado aplicáveis a compras relativamente pequenas poderiam não ser competitivos no caso de as transações comerciais se realizarem a longo prazo.
- Os preços de mercado podem ser estabelecidos através de ofertas por licitação.
Em geral, só pode acontecer isso se o licitador tem uma razoável probabilidade de fazer negócio, mesmo que não tenha muita força no mercado.
Por exemplo, uma empresa (e sobretudo um grupo industrial ou firma multinacional) pode consegui-lo se compra aproximadamente a metade de um lote de determinados produtos fora da organização e outra metade dentro.
A seguir, põe todo o lote em leilão, mas seleciona para si a metade dos produtos.
Dessa forma a empresa obtém lances válidos, porque os licitadores têm fundadas esperanças de fazer negócio.
É preciso levar em conta o seguinte: se as empresas que fazem leilões com o único fim de obter um preço competitivo logo perceberão que ninguém deseja fazer lances ou que as licitações são de valor questionável.
- Se o centro de benefícios de fabricação vende outros produtos no mercado exterior, é frequentemente possível estabelecer um preço competitivo com base no preço externo.
Por exemplo, um centro de fabricação ganha 10% sobre o custo padronizado nos produtos que vende no mercado externo.
Pode, portanto, estabelecer um preço competitivo acrescentando 10% ao custo padronizado dos produtos consumidos internamente.
Evidentemente, os processos de fabricação de ambos os tipos de produto devem ser similares.
- Se o centro de benefícios comprador adquire produtos parecidos no mercado exterior, pode tomar seu preço como base para fixar preços competitivos aos artigos de consumo interno.
Pode-se fazer isso calculando o custo da diferença em projeto e outras condições de venda entre os produtos competitivos e os da empresa.
Leia mais em:
- Entenda a impossibilidade de estabelecer preços competitivos válidos
- Como entender os centros de responsabilidade
- Entenda a tipologia dos centros de responsabilidade
- Entenda as empresas organizadas funcionalmente
- Entenda os preços de transferência
- Entenda os mercados limitados
Fonte: John Dearden – Professor da área de Controle da Universidade de Harvard, quando do artigo, coordenava o primeiro curso de Contabilidade e Controle ministrado naquela escola.