Segundo a natureza dos inputs ou dos outputs monetários mensuráveis, existem três tipos de centros de responsabilidade: os de ingressos, os de gastos e os centros de benefícios.

Nos centros de ingressos só se medem os outputs, nos de gastos, contabilizam-se só os inputs, e nos de benefícios normalmente se consideram ambos.

Centros de ingressos

Nos centros de ingressos, mede-se o output em termos monetários, sem qualquer tentativa formal de relacioná-lo com os gastos ou inputs (se os gastos fossem confrontados com os ingressos, a unida­de seria um centro de benefícios).

São, portanto, unidades comerciais que não têm responsabilidade sobre os benefícios.

Confrontam-se apenas as vendas ou os pedidos reais com os orçamentos ou as cotas estabelecidas.

Todo centro de in­gressos é também centro de gastos.

A quota de gastos sob sua responsabilidade está normalmente prevista num orçamento comercial.

Um centro de ingressos não tem os conhecimentos relevantes que convertam a relação custo/ingressos em relação necessária para as decisões comerciais ótimas.

É impossível, por isso, delegar a responsabilidade sobre este tipo de decisões a um diretor.

Em outras palavras, num centro de ingressos, a responsabilidade sobre a maioria das decisões comerciais não pode ser delegada nem a seu diretor nem a qualquer outro executivo.

Centros de gastos

Numa abordagem inicial, os centros de gastos podem ser classificados em dois grupos: aqueles cujo output pode ser medido em termos financeiros e aqueles que não têm output mensurável.

Seguem-se explicações pormenorizadas sobre as características de ambos os grupos.

Output mensurável

Na prática, os centros de gastos com output mensurável restringem-se, principalmente, às operações industriais em que se pode aplicar de alguma forma o siste­ma de custo padronizado.

Em resumo, sempre que for possível estabelecer um valor financeiro para o output de um centro de gastos, será viável a quantificação de sua eficiência.

Existem exceções a es­sa generalização, mas não são comuns.

Num sistema de custos padronizado, o output multiplicado pelo custo padrão de cada unidade produzida representa o valor do produto final em termos de cus­to virtual.

Ao comparar a cifra obtida com o custo real, evidencia-se uma diferença que representa o grau de eficiência que a unidade em questão conseguiu no período examinado.

Output não mensurável

O valor do output de muitos centros de gastos não pode ser medido financeiramente.

Entre eles devem ser citados to­dos os centros de gastos administrativos, a maioria dos serviços (contabilidade, assessoria legal, relações industriais, rela­ções públicas, etc), os de comercialização e aqueles dedicados à pesquisa e desenvolvimento.

Os centros de gastos cujo output não se pode medir tem três características que todo diretor deve conhecer.

Em primeiro lugar, o sistema financei­ro só serve para controlar os gastos.

Pa­ra esse tipo de centros, o orçamento representa apenas o input permissível.

Em segundo lugar, a diferença entre os gas­tos reais e os orçamentos não é uma me­dida de eficiência, mas simplesmente a diferença entre uma e outra cifra, nunca se utilizando para medir o valor do output.

Em terceiro e último lugar, o sistema de controle financeiro não serve como regra para medir nem a eficiência nem a eficá­cia desses centros de responsabilidade.

As três características anteriores aconselham que se aplique uma avaliação não finan­ceira para medir o rendimento.

Centros de benefícios

Quando uma unidade organizacional é responsável tanto pelos ingressos, como pelos custos, denomina-se centro de benefícios.

Como já foi dito, os benefícios medem a eficácia e a eficiência.

Por ou­tro lado, a delegação da responsabilida­de sobre os benefícios representa muitas vantagens para a gestão.

Contudo, tam­bém acarreta inúmeros problemas.

Por esse motivo, o núcleo da teoria e da prática do controle de direção se concentra nos sistemas de centros de benefício.

A maior parte dos autores distingue entre centros de benefício e centros de investimento.

Estes últimos são centros de benefícios cuja responsabilidade englo­ba também os investimentos que utilizam.

Se um diretor de centros de benefícios controla bens de ativo fixo ou de capital (coisa que faz normalmente), é também o responsável por esses investimentos.

Não tem, pois, sentido, a distinção entre um centro de benefício e o outro de investimento.

Emprega-se a expressão cen­tro de benefícios para designar todo cen­tro responsável pelos benefícios e pelos investimentos, quando houver.

Organograma de uma empresa divisionalizada, em que cada nível de organização tem responsabilidade sobre os lucros.

Uma organização funcionalizada é aquela que se estrutura segundo o crité­rio das funções que cada unidade reali­za.

Ou seja, a responsabilidade pelas funções de linha (comercialização, produção e financiamento) vai de cima para baixo no organograma da empresa.

A empresa divisionalizada encontra-se no extremo oposto da escala: é organizada por unidades, cada uma das quais assumindo responsabilidade sobre todas as funções de li­nha.

A diferença entre os dois tipos está na delegação da responsabilidade sobre os benefícios.

Numa organização funcional, essa responsabilidade, salvo algumas exceções, permanece na cúpula; numa empresa divisionalizada, é delegada às uni­dades operacionais.

Diz-se, portanto, que uma empresa divisionalizada tem uma responsabilidade descentralizada sobre os benefícios.

Quanto mais essa responsabi­lidade é delegada aos escalões inferiores da organização, mais alto o grau de descentralização.

Regras gerais da organização

  • Todas as empresas estão organizadas funcionalmente em algum nível.
  • Não há um corte radical entre uma organização funcional e outra divisionalizada.

Entre os extremos representados pelo tipo ideal de uma organização totalmente funcional e outra completamente divisionalizada produz-se uma variada gama de combinações.

  • O grau de delegação difere entre uma e outra organização, e nunca se delega a um só segmento da empresa a autoridade completa para gerar lucros.

Delegação de autoridade

Em geral, deve-se delegar responsabi­lidade ao nível mais baixo da organização que tenha acesso a toda informação relevante.

(Na verdade, há muitas exce­ções para essa generalização; por exemplo: a importância de certas decisões im­põe a necessidade de exame por alguma autoridade superior. Pode acontecer tam­bém que um executivo superior tenha mais capacidade para decidir sobre um problema, mesmo que não disponha de informação adicional.)

Essa prática tem várias vantagens: de um lado, as pessoas mais familiarizadas com uma atividade podem decidir com maior rapidez; de outro, há uma série de informações relacionadas com uma situação em particular que só as pessoas mais em contato com ela conhecem.

Inúmeras vezes, é difícil transmitir certos dados às autoridades superiores como aqueles relacionados às condições culturais ou o ambiente.

Uma terceira vantagem é que a maioria das decisões não são tomadas com base numa análise exaustiva dos dados.

É difícil con­seguir dados precisos.

 Pode acontecer que apenas as pessoas mais familiarizadas com a atividade em questão tenham a ne­cessária intuição para chegar à decisão mais adequada.

As duas últimas vantagens podem ser da maior importância no setor da empresa que opera numa cultu­ra diferente – uma sucursal no estrangeiro, por exemplo.

Condições para delegar a responsabilidade sobre os benefícios

Em muitas decisões é preciso fazer uma transação ótima entre os custos e os ingressos.

Para delegar, sem muitos ris­cos, uma decisão desse tipo a um execu­tivo de nível inferior, é preciso observar duas condições:

  • O diretor escolhido deve dispor praticamente de toda informação relevante.
  • É fundamental encontrar alguma forma de medir sua eficácia na tomada de decisões.

Essas duas condições limitam a dele­gação de autoridade na responsabilidade sobre os benefícios.

Se não forem obser­vadas, o delegar essa responsabilidade é um ato que está obviamente sujeito a grande riscos.

Como são frequentes as de­cisões relacionadas com a problemática do equilíbrio custos/ingressos, tais deci­sões precisam ser o mais centralizadas possível.

Daí a dificuldade em determinar quais os escalões mais baixos da organização que preenchem essas duas condi­ções.

É claro que esse problema varia de empresa para empresa.

Delegação da responsabilidade sobre os benefícios

O controle dos benefícios exige um controle do desenvolvimento da fabrica­ção e da comercialização do produto.

Contudo, convém ressaltar que determinado setor de uma empresa não precisa ter controle integral sobre suas funções para ser um centro de benefícios.

Empresas diversificadas

A subdivisão em unidades estratégicas não apresenta maiores problemas nas grandes empresas diversificadas.

Essas organizações são constituídas por naturais centros de benefícios com produtos e instalações fabris independentes e mercados diferenciados.

Um sistema de centros de benefícios tem ali vantagens tão evidentes que, de modo geral (embora nem sem­pre), utiliza-se este tipo de organização.

Conseguem-se então decisões mais rápidas e mais ajustadas à realidade, e a medição do rendimento é mais exata e objetiva.

Além disso, a rentabilidade de cada setor pode ser calculada de forma rotineira.

Empresas integradas

Nas grandes empresas integradas a divisionalização cria problemas.

Se a orga­nização está dividida em unidades autônomas responsáveis pelos benefícios, po­de acontecer que várias divisões compar­tilhem a responsabilidade do desenvolvi­mento da fabricação e comercialização do produto.

Torna-se então difícil a justa atribuição dos ingressos de um produto a cada uma das divisões que contribuíram para essa finalidade.

A atribuição dos ingressos deve fazer-se de tal forma que ca­da diretor de divisão disponha da informação relevante para a tomada de deci­sões ótimas do ponto de vista empresa­rial.

Por outro lado, espera-se que essa decisão afete o rendimento das divisões de forma coerente.

A distribuição dos ingressos entre as divisões de uma empresa integrada é função do sistema de preços de transferência.

A integração constitui, evidentemente, uma questão de graus.

Quase todas as grandes empresas têm alguma forma de integração.

Até certo ponto, todas as di­visões estabelecem entre si relações de compra e venda.

Por outro lado, até as empresas mais integradas têm algumas atividades que podem ser consideradas independentes.

Os setores que contam com o maior número de empresas desse tipo são as indústrias de automóvel, papel e aço.

A indústria química, por sua vez, tende a ser mais particularmente integrada, e as empresas com ampla diversificação de produtos costumam integrar-se apenas em área limitadas.

O problema que enfrentam os altos diretores das empresas integradas é, portanto, determinar se o sistema de centros de benefícios representa a forma ótima de organização.

Quanto maior o grau de in­tegração, maiores os problemas levantados pela implementação de um sistema de centros de benefícios.

O tamanho da em­presa é importante do ponto de vista da divisionalização, mas não constitui necessariamente um dado conclusivo.

Por exemplo, a sucursal europeia da FORD, com vendas de milhares de milhões de dó­lares, não está divisionalizada.

Restrições na autoridade divisional

O diretor deve exercer considerável autoridade sobre os fatores que afetam a rentabilidade de sua divisão.

Convém sa­lientar, contudo, que até nas empresas mais diversificadas, a autoridade comple­ta não é viável nem necessária.

Não é viá­vel porque os diretores de divisão não dispõem da informação relevante para to­mar certas decisões; não é necessária por­que o critério de medida de atuação dos diretores relaciona-se apenas com os fatores sobre os quais podem influir.

A título de exemplo, algumas situações nas quais os diretores de divisão não dispõem da informação necessária.

A apropriação dos recursos compete à alta direção porque só ela está a par da quantidade de recursos disponíveis e suas potenciais aplicações.

Os diretores de di­visão não têm, portanto, autonomia so­bre a quantidade e a destinação dos re­cursos que podem utilizar, porque isso é geralmente controlado em orçamento.

As relações industriais também são normalmente controladas a partir dos altos níveis de gestão.

Tem de ser assim por­que existem sindicatos para qualquer atividade empresarial, sendo quase sempre desejável para os altos escalões negociar diretamente com a representação local do sindicato.

Só eles detêm a informação pertinente sobre a política geral da empresa para seus empregados.

As políticas contábeis também estão vinculadas aos altos executivos.

O proces­so de consolidação da empresa, tanto a nível exterior como interior, exige siste­mas contábeis coerentes.

A informação de como conduzir e desenvolver um sis­tema de contabilidade e controle de toda a empresa é portanto, prerrogativa do to­po da pirâmide empresarial.

Nas empresas integradas, os diretores de divisão costumam ter menos autono­mia do que seus colegas das empresas diversificadas.

Além das restrições impos­tas pela falta de informação, aqueles diretores também nem sempre têm autori­dade para escolher as fontes fornecedo­ras de matéria-prima ou os clientes compradores do produto acabado.

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Fonte: John Dearden Professor da área de Controle da Universidade de Harvard, quando do artigo, coordenava o primeiro curso de Contabilidade e Controle ministrado naquela escola.