Quando se menciona a palavra tecnologia, geralmente se faz referência quase imediata ao sistema de operações da empresa.
A logística não evolui também em sua tecnologia?
Para entrar no assunto, seria necessário perguntar quantas pessoas são necessárias para dirigir e operar um centro de distribuição onde se recebem, armazenam e expedem caixas de latas ou garrafas de cerveja.
Em princípio, parece que não se pode responder por falta de dados, mas, se houver interesse em consegui-lo, não há dúvida de que tal centro de distribuição poderia ser dirigido e operado por uma só pessoa: as tecnologias do empacotamento, dos controles eletrônicos, do movimento de materiais, do processamento e do armazenamento de dados permitem, na atualidade, automatizar os armazéns em cem por cento.
Uma das chaves para o bom funcionamento do sistema de logística é recolher e transmitir rapidamente a informação entre os diferentes pontos que o compõem.
Neste particular, tiveram especial importância os avanços tecnológicos na transmissão e no processamento de dados, facilitando uma grande tecnificação do sistema de informação e a possibilidade de realizá-lo.
Isso permite tomar decisões mais rápidas, dispondo ao mesmo tempo de dados e informação mais completos.
Concretamente, a informatização do sistema de logística favorece:
- A possibilidade de dispor praticamente no mesmo instante da informação relevante para que se possam tomar as decisões mais adequadas.
- A melhoria do controle sobre as operações de logística, não só pela disponibilidade de informação, mas também pelo grau de detalhe da mesma.
- O incremento da produtividade, visto que se reduz sensivelmente a necessidade da mão-de-obra administrativa.
- A possibilidade de ter um nível de inventários mais reduzido.
- Graças a essas possibilidades de coordenação oferecidas pela informática e a telemática, há empresas, como algumas do setor automotor, que possuem centros de fabricação de componentes e linhas-de-montagem em diferentes lugares do mundo.
O produto acabado é depois enviado também a vários países.
Dessa forma, conseguem aproveitar as vantagens específicas de cada país, mão-de-obra barata, mercado, componentes, sem perder as economias de escala.
Não só as grandes empresas multinacionais estabelecem esse tipo de organização nas operações e na logística.
Empresas argentinas, produtoras de eletrodomésticos, especializam suas fábricas para conseguir maior produtividade.
O material semiacabado é depois enviado a diferentes linhas-de-montagem, muitas vezes situadas a várias centenas de quilômetros.
Outras, pelo contrário, integram seu sistema de distribuição com o de abastecimento do cliente.
Dessa forma conseguem planejar melhor sua produção e reduzir o nível de inventário.
Um destes programas é o Just in Time Production (JIT), utilizado com êxito por várias empresas do Japão.
O desenvolvimento dos containers também representou uma mudança tecnológica.
Com efeito, eles representam hoje um dos principais meios para o transporte de certos tipos de mercadorias, especialmente quando se trata de exportações.
Comprovada a eficiência do sistema, desenvolveram-se depois containers refrigerados para produtos perecíveis e outros especiais para o transporte de líquidos.
O auge deste tipo de embalagem excepcional, sempre em busca de novas melhorias na produtividade, levou a projetar navios, caminhões e armazenamentos mais adequados para sua manipulação e seu transporte.
Em certos casos, o sistema de distribuição depende das possibilidades que existem para acondicionar os materiais.
Por exemplo: o desenvolvimento da tecnologia de criogenia para o transporte de gás natural liquefeito de forma rentável entre África, Europa e Estados Unidos.
Hoje em dia existem empresas que se dedicam especificamente a esta tarefa.
Para isso, primeiro aplicaram a tecnologia de liquefazer o gás natural; depois, foi necessário projetar navios especiais que pudessem transportar tal produto e, uma vez o gás em terra, desenvolveram-se projetos de armazenamento e caminhões-tanque adequados para a sua distribuição.
O ritmo de trabalho imposto às empresas para manter a competitividade faz com que o tempo seja cada vez mais um produto escasso.
A informação escrita que deve ser enviada com urgência e a necessidade de alguma reserva crítica são exemplos desse ritmo de trabalho.
Os meios tradicionais de transporte são em geral ineficientes para essas urgências.
Assim, surgiu há poucos anos, nos Estados Unidos, uma empresa como a Federal Express.
Seu produto é uma logística que assegura em menos de vinte e quatro horas a entrega do material enviado entre duas cidades dos Estados Unidos, inclusive as mais distantes.
Para isso, conta com sua própria frota de aviões (uma linha aérea para o transporte de pequenos pacotes) e um serviço eficaz em terra para assegurar que os materiais não sofram demoras desnecessárias.
O desenvolvimento da tecnologia aeronáutica e da infraestrutura necessária para as operações de decolagem e aterrissagem dos aviões tornou possível às empresas utilizar cada vez mais o avião como meio de transporte para certos materiais.
A conclusão, evidentemente, é que a direção da logística deve estar permanentemente em dia com os avanços tecnológicos que lhe permitam reduzir os custos e melhorar o serviço, condições essenciais para manter uma vantagem competitiva.
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Fonte: Marcelo Paladino – Engenheiro industrial mecânico. Master em Direção de Empresas e professor de Direção da Produção no Instituto de Altos Estudos Empresariais de Buenos Aires, República Argentina.