O êxito de uma empresa depende, em grande parte, de que possa conseguir uma combinação razoável da quantidade, qualidade, custo dos bens ou serviços que produz e da oportunidade de sua entrega.

A logística – sua definição e suas características – não é um tema no­vo do ponto de vista dos pesquisadores no campo da direção de empresas.

Con­tudo, pode ser novo para muitas empresas que começam a ver que se trata de uma parte importante, e às vezes substancial, do negócio, capaz de produzir bons lucros e consideráveis vantagens estratégicas.

As origens da logística parecem remontar fundamentalmente ao campo militar.

Pode-se perceber com facilidade que uma coordenação deficiente de suprimentos, quer se trate de homens, petrechos bélicos ou alimentos, pode ter consequências nada desejáveis.

De fato, há anteceden­tes: pelo ano de 1670, foi criado no exér­cito francês um posto de marechal geral de Logística, com responsabilidade sobre os abastecimentos, os transportes, a es­colha dos acampamentos e o ajuste das marchas.

Atualmente, em todos os corpos militares continua existindo a divisão de logística, em alguns casos com impor­tante poder dentro da estrutura.

Introdução da logística no campo empresarial

Como e por que se desenvolveu esta função no campo empresarial?

O co­mentário do que aconteceu com algumas empresas dos Estados Unidos ajudará a responder a essa pergunta.

Pelo ano de 1835, o Nicholas Biddle’s Bank of the United States era um dos maiores bancos daquele país e o único que tinha 25 sucursais por todo o território.

Embora cada sucursal funcionasse de for­ma mais ou menos independente, a central de Filadélfia mantinha o controle to­tal.

Conseguia isto graças ao fluxo inin­terrupto de informação, concretizado no detalhado sistema de informações que circulava entre as sucursais e a matriz.

A habilidade em projetar e fazer funcionar com agilidade e eficiência esse fluxo informativo tornava possível a existência de uma operação com uma multiplicidade de estabelecimentos.

Anos mais tarde, a aplicação da tecnologia informática e da te­lemática aos fluxos informativos tornou possível a coordenação de organizações com milhares de centros espalhados por todo o mundo.

Em 1878, Gustavus Swift, um açou­gueiro da cidade de Chicago observou três fenômenos.

Em primeiro lugar, a população das grandes cidades do Leste, com um forte crescimento, não podia abastecer-se normalmente de carne com a produção local.

Em segundo lugar, no Oeste havia suficiente gado.

Em terceiro lugar, existia a tecnologia da refrigeração que permitia a conservação da carne durante períodos prolongados.

Detectada a oportunidade, dedicou-se a montar uma empresa de distribuição.

Começou com transportes refrigerados e depois acrescentou depósitos especiais tanto na zona de produção como nas de distribuição.

Teve um crescimento tão espetacular que lhe permitiu integrar verticalmente, des­de a compra de gado até a venda ao público em uma rede de estabelecimentos varejistas.

Embora ampliando a linha de produtos, manteve a ideia de que o negócio da empresa era sustentar um fluxo ininterrupto desde o produtor até o con­sumidor.

Neste caso não se tratava de um fluxo de informação, mas de um fluxo de produtos de carne, eficientemente mantido.

Na mesma época, James B. Duke produzia uma nova máquina para fabricar cigarros.

Uma vez aplicada a nova tecno­logia, concentrou seus esforços na conquista do mercado de duas maneiras: através da propaganda e do desenvolvimento da rede de distribuição.

Foi esta última que lhe proporcionou uma forte vantagem competitiva, traduzida também no crescimento e na integração vertical.

Como exemplos de inovadores em outras áreas podem citar-se Cyrus McCormik, que fabricava colhedeiras, e William Clark, da Singer Sewing Machine Co.

Ambos descobriram que suas possibilida­des de crescimento estavam diretamente ligadas à capacidade de estabelecer uma rede de distribuição e vendas, com armazéns e instalações para assistência técni­ca pós-venda.

Duke, McCormick e Sin­ger foram os criadores de muitos conceitos de distribuição que hoje se encontram em plena vigência.

A clareza de ideias de McCormick para o estabelecimento de seus concessionários ou dealers ainda hoje é motivo de admiração por sua acertada orientação do serviço.

A capacidade logística daquelas empresas permitiu-lhes um rápido desenvolvimento e, mais de 100 anos depois, algumas empresas suces­soras daquelas fundadas por esses gran­des gênios da indústria mantém como pontos fortes sua distribuição e sua logística.

Em 1916, Arc Shaw, em seu artigo Ar, Approach to Business Problems, analisou os aspectos estratégicos da distribuição física.

Sucessivamente, diversos autores apresentaram diferentes ideias sobre o tema da logística como um sistema integra­do dentro das empresas.

Apesar disto, em geral continuaram mantendo-se independentes vários setores como o de compras, o controle de estoques, a distribuição, os armazéns.

Na década de 50, o aparecimento de alguns estudos que associavam o tema da logística ao conceito de custo total, e ao começo da utilização de computadores, juntamente com técnicas quantitativas mais complexas, levaram a um novo exa­me dos tradicionais pontos de vista sobre o assunto.

Observou-se então, que a utilização de sistemas integrados de logísti­ca representava uma excelente oportunidade para a redução dos custos.

Leia mais em:

Entenda a definição de logística

Entenda a direção da logística

Entenda o conceito de serviço

Entenda a logística como arma estratégica

Entenda a logística dentro da empresa

Entenda a logística e tecnologia

Entenda o futuro da logística

Fonte: Marcelo Paladino – Engenheiro industrial mecânico. Master em Direção de Empresas e professor de Direção da Produção no Instituto de Altos Estudos Empresariais de Buenos Aires, República Argentina.