A produtividade e a satisfação dos su­bordinados como consequência de um es­tilo autocrático ou democrático de super­visão depende das expectativas, da orien­tação, da capacidade e da personalidade dos subordinados, de seu funcionamen­to como grupo, de suas políticas e práti­cas organizacionais, e da tarefa que deve ser realizada.

Expectativas e orientação dos seguidores

McCurdy e Eber (1953) estudaram gru­pos integrados por participantes democrá­ticos e autoritários. Seus líderes tinham sido treinados para atuar segundo com­portamentos democráticos e autocráticos. Os participantes autoritários tinham me­nor rendimento sob liderança democrá­tica do que sob liderança autocrática.

Segundo French, Morrison e Levinger (1960), a liderança autocrática tende a ge­rar insatisfação e hostilidade por parte dos subordinados até quando passam a considerá-la com o elemento legítimo da função do supervisor. Foa (1957) estudou grupos de trabalhadores israelenses sob li­deranças democráticas e autocráticas. Os grupos com expectativas autoritárias ou democráticas sentiam-se igualmente satis­feitos com líderes democráticos. Mas quando os líderes atuavam de modo autocrático, as equipes com expectativas autoritárias ficavam mais satisfeitas do que os grupos com expectativas democráticas. Hemphill (1949) conclui que a incoerên­cia arbitrária e as mudanças de opinião do líder são mais toleradas em grupos que carecem de regras e normas bem estabe­lecidas, de objetivos claramente definidos e de grande coesão interna.

Características imediatas dos grupos de trabalho

Vroom e Mann (1960) estudaram gru­pos de trabalhos industriais de diferentes tamanhos e estilos de direção. Compro­varam que os membros dos grupos peque­nos, que preferiam líderes igualitários, mostravam índices mais elevados de in­teração entre trabalhadores e superviso­res. Nos grupos numerosos, cujos inte­grantes interagiam entre si e com seus líderes com menor frequência, os membros mostravam atitudes mais positivas para com os líderes autocráticos. Calvin, Hoff­man e Hardem (1957) formaram grupos experimentais, diferentes nas qualifica­ções de seus membros em provas de inte­ligência, e em autoritarismo-igualitarismo do líder. Nos grupos autoritários, seus membros mais ineficientes eram mais eficazes do que os membros mais ineficien­tes dos grupos democráticos. Mas os ren­dimentos dos membros mais capazes de ambos os grupos não diferiam de forma alguma.

Kruglanski (1969) informa que os di­retores tendem a supervisionar menos estritamente os subordinados que merecem sua confiança. Mas com frequência se apresenta o fenômeno da circularidade: Strickland (1958) comprovou que os “Supervisores” de laboratório começaram a desconfiar dos “subordinados” que não haviam vigiado estritamente. De forma semelhante, McFillen (1978) e McFillen e New (1978) não encontraram nenhuma relação significativa entre as recompen­sas ou os castigos dos supervisores e o rendimento dos subordinados, mas en­contraram entre o rendimento dos subor­dinados e o grau de supervisão: os subordinados com pior rendimento eram os mais estritamente vigiados.

Por último, New e McFillen (1979) de­monstraram experimentalmente que não só aumenta desconfiança sob uma super­visão estrita; o supervisor também atri­bui mais êxito ao subordinado estritamen­te vigiado do que ao subordinado sob su­pervisão geral, em igualdade de condições de rendimento; inversamente, considera que o fracasso foi maior quando não se alcançou o rendimento esperado.

Exigências imediatas da tarefa

Segundo Rudin (1963), um estilo pu­nitivo de supervisão consegue maior ren­dimento nas tarefas simples, mas obtém um rendimento inferior nas tarefas com­plexas. Schmitt (1969) comprovou que os castigos impostos a intervalos desiguais de tempo tendiam a produzir menos traba­lho nas tarefas sujeitas a castigo e mais trabalho nas tarefas não castigadas.

A pesquisa de Anderson (1959) sobre a liderança em grupos experimentais re­velou que, sob direção autocrática, esses grupos requeriam menos tempo durante as fases de planejamento, mas eram menos eficientes nas fases de execução das tarefas. Confirmando o que já se assina­lou, a liderança democrática provocava maior satisfação dos membros em ambas as fases da resolução do problema. Doy­le (1971) comprovou que, nas tarefas de resolução de problemas em grupo, a liderança igualitária era mais eficaz na fa­se de análise, ao passo que, na fase final de síntese, onde a coordenação adquire mais importância, os grupos com líderes poderosos eram particularmente eficazes. Becker e Baloof (1969) também subli­nham que a forma ótima de distribuição do poder nas atividades do grupo e o consequente estilo de direção que gera, de­pendem de que a tarefa exija um proces­so de informação ou de geração de ideias.

Numa experiência de laboratório, que incluía tarefas mecânicas complexas com supervisão estrita e geral e com estilos pu­nitivos e não punitivos, Day e Hamblin (1964) comprovaram que a supervisão es­trita aumentava sensivelmente os senti­mentos de agressividade para com o su­pervisor; contudo, não afetava a satisfa­ção dos participantes para com seu tra­balho, embora a produção fosse sensivel­mente menor. O estilo punitivo provoca­va igualmente maior sentimento de agres­sividade para com o supervisor, embora também não influísse na satisfação fren­te ao trabalho. Da mesma forma que com a supervisão estrita, o estilo punitivo de supervisão produzia um decréscimo de produção. Por outro lado, Patchen (1962) obteve uma relação positiva entre a su­pervisão estrita e um maior rendimento em trabalho de tipo manual onde o gru­po tinha grande coesão interna e o super­visor era considerado mais como recompensador do que como castigador. Assim, pois, quando a supervisão estrita costu­ma ser considerada como parte do estilo autocrático de liderança, seus efeitos dependem mais da presença de um compo­nente punitivo. (Um líder autocrático benevolente é mais recompensador do que castigador).

Alta direção

O comportamento dos diretores para com seus subordinados depende da rela­ção que mantiverem com seus próprios superiores. Katz (1951) comprovou que os grupos de elevada produtividade tinham uma supervisão menos estrita por parte de seus capatazes que, por sua vez, eram menos estritamente controlados por seus superiores. Hunt e outros (1975) observaram que a natureza da liderança na al­ta direção determina o tipo de liderança mais eficaz nos níveis inferiores. De for­ma semelhante, Morse (1953) estudou os empregados e supervisores de um escri­tório e verificou que, embora a supervi­são geral e a delegação de autoridade fa­vorecesse a satisfação dos trabalhadores dentro de cada grupo de trabalho, não fo­mentavam a satisfação frente ao trabalho ou à empresa, a menos que a atitude do supervisor para com seus subordinados estivesse reforçada pela alta direção.

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Fonte: Bernard M. Bass Antigo Diretor do Management Research Center, das Universidades de Pittsburgh e de Rochester. Pro­fessor de Comportamento Humano na State Uni­versity de Nova York.

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