A direção, a negociação, as consultas, a participação e até a delegação exigem que o líder realize ações. Já uma liderança de tipo laissez-faire e a abdicação, pelo contrário, não o exigem em absoluto. Em tais casos, a liderança desaparece. Nada ou pouca coisa se faz com relação aos subordinados. Normalmente, um estilo de direção de tipo laissez-faire é pouco satisfatório para os subordinados, além de escassamente produtivo.
Karmel (1978) chamou a atenção para a onipresença da iniciativa e da deferência na análise da liderança e os esforços para teorizar sobre ela. A autora propunha acrescentar em primeiro lugar a importância da soma total de ambos os tipos de atividade do líder em contraste com sua inatividade. Dessa forma, conduzia novamente as pesquisas para o terreno de Lewin e Lippitt (1938), que haviam classificado teoricamente a liderança em: autoritária, democrática ou de laissez-faire.
O experimento protótipo
Lewin e Lippitt (1938) publicaram o primeiro grande experimento que se propôs estudar a liderança como um processo bidirecional de interação entre o líder e seus seguidores. Tal experimento analisou os “efeitos dos climas de grupos democráticos e autoritários sobre o comportamento dos seus membros”. Através de um treinamento e prática minuciosos, o líder autoritário foi formado para as seguintes funções: definir todas as políticas para os membros do grupo; anunciar progressivamente os métodos e etapas para alcançar os objetivos; dirigir ativamente as ações e interações dos membros do grupo; e avaliar o rendimento segundo um critério pessoal. O líder democrático, pelo contrário, foi treinado para: animar os membros de um grupo a determinar suas próprias políticas; oferecer-lhes maiores perspectivas, explicando-lhes antecipadamente os diferentes passos para alcançar os objetivos; conceder-lhes liberdade para iniciar suas próprias tarefas e relações; e avaliar o rendimento de modo objetivo. Os líderes eram adultos, e os membros do grupo tinham dez anos de idade e estavam estreitamente vigiados em função de diversas variáveis de controle. Dois grupos, com cinco membros cada um, trabalharam em projetos de entretenimentos. Observadores qualificados registraram o comportamento dos líderes e dos integrantes do grupo.
Tanto os líderes como os membros dos grupos autoritários iniciaram maior número de ações. Os membros desses grupos eram mais obedientes e tratavam o líder com maior distanciamento do que nos grupos democráticos. Nos grupos autoritários, os membros desenvolveram progressivamente reações mais submissas diante do líder, esperando sua atenção e assentimento antes de seguir em frente. Apesar de que estes grupos tendiam a responder ao líder antes de entabular relações entre si, vacilavam em aproximar-se dele por temor de reduzir ainda mais seu poder pessoal e sua liberdade de movimentos. A forma democrática de liderança, pelo contrário, tendia a aumentar a liberdade de ação dos membros do grupo. Nos grupos democráticos, seus membros manifestavam menos tensão e hostilidade, seus subgrupos estavam mais coesos e duravam mais do que os grupos autoritários.
Uma terceira condição experimental era a liderança de tipo laissez-faire. Nesses grupos, a produtividade e a participação eram sensivelmente menores.
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Fonte: Bernard M. Bass – Antigo Diretor do Management Research Center, das Universidades de Pittsburgh e de Rochester. Professor de Comportamento Humano na State University de Nova York.