Ao se estudar o que acontece sob uma liderança autocrática ou democrática em períodos mais longos de tempo (entre um e cinco anos) obtém-se um quadro sensivelmente diferente.

Morse e Reimor (1956) mostraram que, embora os métodos autocráticos contribuíssem para aumentar a produti­vidade em uma companhia de seguros du­rante o primeiro ano do esforço experimental para introduzir a mudança, nos anos seguintes produziu-se uma queda significativa do rendimento, devido ao efeito negativo do enfoque autocrático so­bre os recursos humanos. São muitos os estudos que mostram como os efeitos ne­gativos de um líder autocrático sobre o rendimento e as atitudes dos membros permanecem vigentes, mesmo depois que este abandonou a organização. Tais efei­tos coercitivos não vêm à superfície en­quanto o líder não abandona a empresa, já que uma de suas técnicas pode consis­tir precisamente em reprimir a dissidên­cia mediante ameaças (Solomon, 1977).

Likert (1961) concebeu quatro catego­rias possíveis de relações pessoais nas grandes organizações: 1) autocrática ex­ploradora; 2) autocrática benevolente; 3) consultiva; 4) democrática. Likert propôs e demonstrou que se as organizações com sistemas de tipo um e dois adotassem sis­temas de tipo três ou quatro, prevendo o tempo necessário para que os efeitos ti­vessem lugar, melhoraria tanto a produ­tividade dos trabalhadores, como sua satisfação. 

A liderança nos sistemas consultivos e democráticos

No que se refere à liderança e aos pro­cessos de influência, nos sistemas democráticos os supervisores e os subordina­dos confiam mutuamente entre si, os superiores são solidários com os subalter­nos, mostram-se acessíveis e escutam as sugestões para aproveitá-las da melhor maneira. A ênfase concentra-se na motivação econômica e no cumprimento das tarefas, assim como no valor pessoal.

A participação dos subordinados no estabelecimento dos objetivos comple­menta-se com a comunicação ascenden­te. Os subordinados intervêm na defini­ção de objetivos, tarefas e métodos de tra­balho. As decisões e os controles estão descentralizados.

A liderança nos sistemas autocráticos

O líder autocrático explorador (siste­ma um) enfatiza as ameaças, o temor e os castigos, prometendo certas recompen­sas. O líder autocrático benevolente (sis­tema dois), pelo contrário, acentua as motivações mais positivas e menos ne­gativas.

Em ambos os sistemas reforça-se a co­municação descendente. Os subordinados praticamente não intervêm na definição de objetivos e métodos; as decisões estão centralizadas e são comunicadas indivi­dualmente.

Likert aplicou as quatro dimensões de comportamento dos líderes de Bowers e Seashore (1966) para classificar os líde­res autocráticos e democráticos. Em suas conclusões, os líderes do sistema quatro tinham as pontuações mais elevadas e os do sistema um as mais baixas nos seguin­tes parágrafos:

  • apoio – o líder age como um amigo, es­cuta as sugestões dos subordinados e se preocupa com seus problemas;
  • coesão da equipe – o líder anima seus subordinados a trabalhar em equipe e a intercambiar ideias e opiniões;
  • ênfase nos objetivos – o líder incentiva os subordinados a se esforçarem e a manterem rendimentos elevados;
  • ajuda no trabalho – o líder capacita os subordinados para realizar melhor o tra­balho, ajuda-os a planejar e a se organi­zar, oferece novas ideias e soluções para os problemas.

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Fonte: Bernard M. Bass – Antigo Diretor do Management Research Center, das Universidades de Pittsburgh e de Rochester. Pro­fessor de Comportamento Humano na State Uni­versity de Nova York.

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