Realizaram-se mais de 500 estudos do modelo de Likert nas mais diversas empresas: petroleiras, automobilísticas, farmacêuticas, bancos, agências de seguros, de distribuição, artes gráficas, empresas públicas, têxteis, fabricantes de máquinas de escritório e de maquinaria pesada, de embalagem, em fábricas de papel e ferrovias. Foram também realizados estudos de pesquisa na administração pública, hospitais, escolas, universidades, institutos, centros correcionais, organizações militares e organizações de voluntários. Recolheram-se dados sobre mais de 20 mil diretores correspondentes a todos os níveis hierárquicos e de mais de 200 mil empregados não supervisores.
A título de exemplo, Likert (1975) informa que a passagem feita, entre 1969 e 1970, do sistema quatro ao sistema um de direção, em uma fábrica da General Motors, produziu um aumento de rendimento direto do trabalho entre 1971 e 1972 e, embora o rendimento indireto do trabalho diminuísse entre 1970 e 1971, aumentou consideravelmente entre 1971 e 1972.
Esses resultados trazem à baila os diferentes efeitos dos sistemas democrático e autoritário sobre os custos do trabalho, imediatos e de longo prazo. Em três fábricas de processo contínuo, o “aperto dos cintos” imposto de forma autocrática produziu uma redução imediata dos custos de uma organização de 600 trabalhadores, mas o preço pago fofa deterioração da motivação dos trabalhadores e de sua satisfação frente à política e à liderança da empresa, o que se materializou no aumento das queixas, rotatividade da mão-de-obra, interrupções do trabalho, descumprimento dos prazos de entrega e a queda de qualidade, fenômenos que tardaram entre três e cinco anos para virem à superfície. A economia imediata de 250 mil dólares na realidade significou uma perda de 450 mil dólares, devido à falta de motivação, à maior insatisfação e ao menor rendimento dos trabalhadores, como consequência da imposição autocrática (Likert 1977). No mesmo sentido, Dunnington, Sirota e Klein (1963) comprovaram que, quando os diretores e supervisores de uma fábrica de produção da IBM impuseram normas de engenharia de trabalho, os empregados da fábrica sentiram a pressão e, ao medir as consequência humanas, comprovou-se o mesmo tipo de tendências negativas que as observadas nas fábricas de processo contínuo. Contudo, também se observou que os empregados, cujos supervisores diretos eram mais democráticos, mostraram menos ressentimento para com as normas de trabalho impostas do que os trabalhadores sob o comando de supervisores autocráticos. Quando aqueles se queixavam sobre a injustiça das normas, o supervisor democrático pedia ao engenheiro industrial que as examinasse e modificasse.
Por suas características de grande empresa com um elevado número de trabalhadores, a indústria de transporte ferroviário tem sido um dos setores preferidos para estudar a longo prazo o comportamento desses trabalhadores, sob uma liderança democrática ou sob outra de signo autoritário. Para conhecer estes efeitos, utilizou-se o modelo de Likert, que concebeu quatro categorias possíveis de relações pessoais nas grandes empresas: 1) autocrática exploradora; 2) autocrática benevolente; 3) consultiva; 4) democrática. Likert propôs e demonstrou que, se as organizações com sistemas de tipo 1 e 2 adotassem sistemas de tipo 3 ou 4 — prevendo-se o tempo necessário para os efeitos — melhoraria tanto a produtividade dos trabalhadores, como seu grau de satisfação. |
Efeitos sobre as empresas
Os resultados de uns 30 estudos realizados em 35 companhias sobre um total de 260 seções, departamentos ou unidades organizativas similares, com mais de 50 mil trabalhadores, demonstram a eficácia dos sistemas democráticos de direção em relação aos sistemas autocráticos.
Likert (1977) resume 19 estudos comparativos entre empresas democráticas, com sistemas de direção e gestão de tipo quatro e empresas de tipo um. A diferença de produtividade e lucros oscilava entre 14 e 75% em favor das primeiras. Em 11 estudos de tipo “antes-depois” introduziu-se a mudança de sistema para o tipo três: a produtividade e os lucros experimentaram um aumento de 15 a 40% entre um e dois anos depois da mudança para o sistema quatro. Em dois estudos comparativos, incluíram-se grupos de controle nos quais não se verificou mudança alguma.
Essas melhorias continuavam, ao manter-se a tendência iniciada: nos departamentos de 100 a 200 trabalhadores, as melhorias supunham economias anuais de 50 a 100 mil dólares; em uma fábrica de mais de seis mil empregados, as economias anuais superaram cinco milhões de dólares.
Guest (1962) observou resultados semelhantes na produtividade, qualidade e segurança, quando o novo diretor da fábrica de pior rendimento de seis fábricas diferentes mudava a organização para um sistema democrático de liderança, inspirado na “teoria Y”.
Taylor e Bowers (1972) publicam as relações entre suas medidas do clima organizacional, obtidas através da Pesquisa de Organizações, e os diversos resultados conseguidos entre seis meses antes e 18 meses depois da pesquisa, para 15 empresas comerciais. As correlações para a eficiência alcançavam 0,8, cifra semelhante à da correlação para as taxas reduzidas de absenteísmo, ferimentos leves, doenças e queixas.
Outros estudos também mostram que os enfoques democráticos nas empresas têm efeitos positivos sobre a saúde física e mental dos trabalhadores (Caplan, Cobb e outros, 1975).
White (1972) comprovou que a eficácia dos supervisores e dos diretores de compras está associada ao grau democrático de gestão. Tanimoto (1977) verificou que aos olhos dos subordinados a eficácia da gestão por objetivos é maior quando os diretores são democráticos e não autocráticos.
Efeitos sobre as agências governamentais
White (1972) observou que, em uma agência federal norte-americana, os mais eficazes diretores de escritório e de linha utilizavam um estilo democrático de gestão. Heslin (1966), por seu lado, comprovou que, segundo os próprios trabalhadores, o sistema de direção das unidades mais produtivas de uma agência federal de processo automático de dados era mais parecido com o sistema quatro de Likert, do que com as unidades menos produtivas. Considera-se que os escritórios do Departamento de Estado, dirigidos por diretores com um estilo de gestão mais próximo do sistema quatro do que o sistema um (na opinião dos próprios subordinados), oferecem melhores serviços de orçamento, espaço, viagens e pessoal (Warwick 1975).
Likert (1977) informa que, ao pedir aos diretores urbanos que avaliassem as unidades mais produtivas e menos produtivas que conhecessem, às primeiras correspondia um estilo de gestão entre os sistemas três e quatro, e às segundas, o autocrático-benevolente (sistema dois).
Efeitos sobre as organizações militares
Bowers (1975), em sua análise dos dados sobre a Marinha norte-americana correspondentes a 20 navios e 18 distritos navais, verificou uma poderosa correlação entre a intenção individual de realista- mento (indicador confiável de realista- mento real) e o estilo de gestão do navio ou do distrito naval: quanto mais perto se encontrava do sistema quatro, mais elevada era a relação.
Likert (1977) indica que, em 14 tripulações norte-americanas, o número de acidentes devidos a falhas operacionais do navio estava associado ao grau em que os supervisores permitiam o desenvolvimento da equipe e do trabalho conjunto.
Johnson (1969) e um estudo sobre 93 unidades da Força Aérea norte-americana comprovou que o alto comando considerava como unidades mais eficientes aquelas cujos comandos tinham um estilo de gestão mais próximo do sistema quatro que do sistema um.
Leia mais em:
- Entenda as conclusões sobre o estilo de direção
- Como entender os estilos de direção entre diretores e subordinados
- Entenda o que funciona melhor: estilo de direção ativo ou estilo de direção passivo
- Entenda os efeitos da liderança democrática e da liderança autoritária
- Entenda quais são os fatores determinantes da produtividade e da satisfação
- Entenda quais são os efeitos a longo prazo do estilo de direção
Fonte: Bernard M. Bass – Antigo Diretor do Management Research Center, das Universidades de Pittsburgh e de Rochester. Professor de Comportamento Humano na State University de Nova York.