A importância dos investimentos em capacidade de produção lança às empresas um desafio sobre a maneira de utilizar suas instalações.

Adequá-las ao comportamento da demanda exige prever a evolução desta a curto e a longo prazo, assim como avaliar o risco do excesso de capacidade.

Numa visão de conjunto, pode-se dizer que uma empresa procura ven­der caro aquilo que pôde comprar ou pro­duzir mais barato.

Entre a compra e a venda existe um processo mais ou menos longo no qual se realizam coisas ou atividades que justificam um preço, uma mais-valia ou um lucro maior.

Esse processo intermediário pode constar de mui­tas e mui diferentes atividades, a saber: transporte, projeto, fabricação, prestação de assessoria, distribuição, etc.

E, como é lógico, uma empresa pode incluir todas ou somente uma destas atividades. 

Não há dúvida de que, se, em um exemplo hipotético, se obtêm 1.000 unidades monetárias (u.m.) de lucro por objeto transportado ou por assessoria pres­tada, é lícito e humano pretender multi­plicar os meios para repetir esta operação várias vezes no mesmo período.

Levan­tar esse problema é perguntar com que capacidade se quer dotar a empresa.

As perguntas sobre a capacidade que a empresa deve ter, se é ou não necessá­rio ampliar a capacidade de produção de determinada empresa, ou outras questões relacionadas com o tema são difíceis de responder claramente.

Contudo, há sem­pre um processo de abordagem do problema ou de análise, assim como uma concatenação das ações possíveis e dos compromissos de investimento em quantidade e grau progressivos.

Existem cri­térios de avaliação das situações que pa­ra serem manejados exigem certos cálculos.

Todavia, a decisão será tomada pelo diretor, com mais ou menos risco segun­do a qualidade de sua análise e sua pró­pria habilidade.

Uma decisão importante

Capacidade de produção é uma grandeza com a qual se pode medir a quanti­dade das vezes que, por unidade de tempo, se poderá repetir a prestação de um serviço ou a obtenção de um produto, num processo de produção.

Como é uma grandeza numérica, deve ser considerada em unidades de medida.

Normalmente, utilizam-se tanto medidas de tempo (horas/homem, por exemplo), como quantidades de produto acabado (automóveis) ou valores monetários.

O uso de um tipo ou outro de medida depende do setor em que se encontra a empresa e de seus costumes, assim como do problema ou do aspecto que se deseja estudar em cada caso.

Contudo, cada uma das três medidas enumeradas tem suas vantagens e inconvenientes.

  • As unidades de tempo, como as horas/homem, UMO (unidade de mão-de-obra), horas/maquinaria, etc, permitem uma ideia da capacidade de produção em sua acepção mais pura, sem envolvê-la na possível utilização para um tipo ou outro de produto ou serviço.

Além disso, forne­cem uma noção bastante exata dos meios de produção, mas não conseguem dar uma imagem das possibilidades do negócio, porque não podem incorporar a noção de quantidade de produto acabado.

  • As unidades de produto, como automóveis, geladeiras, etc, oferecem uma ideia clara do negócio, das possibilidades de entrar num mercado e de servi-lo mais ou menos extensamente.

Não é absolutamen­te uma medida estável nem homogênea, já que depende do mix dos modelos ou dos produtos: ao mudar, por exemplo, os modelos de automóveis que a empresa decidiu fabricar, a capacidade medida em número de automóveis variará, sem que por isso tenham mudado nem as instala­ções nem sua eficácia.

  • As unidades monetárias, embora sejam uma medida de capacidade que se utiliza em algumas ocasiões, veem-se afetadas não só pelos mesmos fatores que as unidades de produto, mas também pelas variações monetárias resultantes da inflação.

Isso obriga a reduzir esse tipo de medida a unidades monetárias constantes.

Aqui não serão motivo de maior comentário devido à sua pouca utilização e à escassa ajuda que oferecem na tomada de decisões.

A enumeração e as considerações fei­tas sobre os três grupos de parâmetros possíveis indicam a imprecisão em que facilmente se incorre ao mencionar estes temas e ao dar cifras.

As cifras devem sei sempre acompanhadas dos aspectos circunstanciais que lhes dão valor, indican­do que a capacidade é de 100 milhões de unidades monetárias de 1983, ou no caso de estaleiros, que é de 15 navios, de tipo similar aos do ano anterior.

Utilização da capacidade máxima disponível

Uma vez vistos o conceito da capacidade como grandeza e a forma de medi-la, convém ater-se ao interesse das empresas.

Os investimentos que permitem dis­por de uma capacidade determinada são os maiores dos ativos das empresas; portanto, será de primordial importância ob­ter o máximo rendimento possível desta modalidade de investimento.

E assim será quando a capacidade de produção das instalações for utilizada em sua totalidade, durante longos períodos de tempo.

Utilizar a capacidade de produção em sua totalidade não é fácil.

Depende do comportamento da demanda, da possibilidade de conhecê-la, da possibilidade de armazenar os produtos, etc.

Conseguir que a capacidade iguale a demanda em um período de tempo é o desafio que a empresa deve enfrentar, um desafio cuja dificuldade muda no tempo, como também muda a demanda.

Portan­to, o primeiro round deste desafio será conhecer a demanda.

Leia mais em:

Entenda a adequação da capacidade à demanda

Entenda as medidas para variar a capacidade a curto prazo

Entenda a expansão da capacidade a longo prazo

Entenda a avaliação do risco

Entenda as economias de escala: um critério simplista

Entenda a evolução das instalações no tempo

Fonte: Fernando Serra Caila – Engenheiro Industrial e Master em Direção de Empresas pelo IESE. Professor encarregado do departamento de Direção da Produção, Tecnologia e Operações do IESE.