No passado, as ideias mais amplamente divulgadas sobre a questão de modelo de estruturas foram desenvolvidas por um grupo de teóricos da organização, conhecidos como classicistas.
Seus principais expoentes, Fayol, Gulik, Urwick e Mooney, utilizaram a experiência pessoal e as ideias de engenharia industrial de Frederick J. Tayylor, para formular suas teses.
Estes autores recomendavam dividir o trabalho por áreas funcionais (vendas, fabricação, engenharia, etc) e enfatizavam muito a consecução da eficácia econômica e técnica.
A única variável humana que os autores classicistas do início do século XX levavam em consideração era a limitada capacidade intelectual do indivíduo.
Para solucionar tal limitação, recorria-se à divisão do trabalho.
A cada indivíduo era preciso atribuir uma determinada tarefa que levaria a bom termo com maior eficácia técnica, devido a sua suposta capacidade limitada.
Segundo eles, o trabalho tinha de ser dividido de tal forma que as metas subordinadas relativas às diferentes unidades fossem acrescentadas às metas gerais da empresa.
Quaisquer outros temas da organização aí não incluídos seriam da competência da hierarquia diretora, visto que, no desenho organizacional, as pessoas eram obrigadas a se ater às diretrizes de seus superiores.
A hierarquia diretora era considerada como o único dispositivo coordenador necessário.
Esse enfoque foi amplamente utilizado mas tem importantes limitações.
Proporciona escassa ajuda para planificar tarefas com motivações intrínsecas (o homem não é motivado somente pelo dinheiro, e também não faz sempre tudo o que lhe é indicado).
Não leva em consideração as metas totais da empresa e sua coordenação exige mecanismos mais complexos do que a simples subordinação à hierarquia superior da empresa.
Novas tendências no desenho
Identificadas as limitações anteriores, outros teóricos da organização de empresas vinculados à psicologia social formularam algumas recomendações para o desenho das estruturas das organizações.
Esses autores sugerem que as tarefas na empresa devem ser divididas com base num critério que outorgue ao indivíduo um trabalho significativo, no qual ele possa sentir-se exercendo algum controle e influência.
De acordo com tal ponto de vista, o indivíduo sente-se motivado pela própria dinâmica de participação, e por isso buscará a realização de trabalhos cada vez mais complexos e desafiantes.
Os que defendem o enfoque psicossocial da estrutura da empresa afirmam também que o indivíduo é motivado igualmente por necessidades sociais, e por isso é importante estruturar a organização de forma que cada indivíduo pertença a um grupo de trabalho, no qual a participação na tomada de decisões seja a norma.
O inconveniente deste enfoque é que se baseia na suposição implícita de que todos os indivíduos estão motivados para necessidades semelhantes, sem prestar atenção às variadas e diferentes necessidades de cada um.
Também é evidente que nem todos os componentes do grupo dispõem da mesma informação e capacidade para a tomada de decisões participativas.
Os sistemas descritos, o classicista e psicossocial, oferecem algumas recomendações particulares sobre a forma como se deve delinear a estrutura básica da empresa, pois ambos coincidem na pretensão de serem a melhor maneira de fazê-lo.
Avanço para as análises mais recentes
Na atualidade, estudos de campo realizados por Burns e Stalker em empresas industriais (algumas num setor de atividade dinâmico e mutável, outras em um setor mais estático e estável) indicam que há diferenças estruturais importantes entre as que colheram resultados positivos.
No setor industrial estável, as empresas com êxito identificavam-se com o que os autores chamavam empresas mecanicistas; de modo geral, confiava-se muito mais nas regras formais e nos procedimentos, as decisões eram tomadas nos níveis mais altos da empresa, o controle e a supervisão eram muito reduzidos.
Os estudos de Burns e Stalker serviram de base para o trabalho realizado por Lawrence e Lorsch, que proporciona um arcabouço analítico amplo para o desenho de estruturas.
Outro enfoque operativo para a definição da estrutura da organização foi o utilizado por Pascale e Athos, ao comparar as características diretivas das empresas dos Estados Unidos e do Japão.
Este enfoque é conhecido como modelo dos sete S, de McKinsey & Company.
Leia mais em:
- Entenda a diferenciação e integração como bases para o desenho
- Entenda a diferenciação e integração aplicadas ao desenho estrutural
- Entenda a adequação entre estratégia e estrutura
- Entenda o balanço e conclusões
- Como entender o desenho de estruturas organizacionais
- Entenda os conceitos de estrutura e estratégia
Fonte: Fernando Lacueva – Doutor em Direção de Empresas pelo IESE – Instituto de Estúdios Superiores de la Empresa (Espanha) e professor de Política de Empresa no IESE.