A evolução genérica analisada (assim como as várias evoluções marginais a esta) dá hoje uma tipologia sindical vigente, reconfigurada depois pela cultura social e organizativa onde aquela se inscreve e assenta.
Variáveis culturais – ou político-culturais – estariam, pois, na base desta diferenciação de modelos que vamos propor, reduzidos, pela própria finalidade deste ensaio, aos chamados sindicatos democráticos-ocidentais.
Mas antes seria conveniente realizar uma breve reflexão sobre o atual mapa sindical.
Três sistemas coexistem nele, em grandes traços:
- Os sindicatos de modelo soviético (países socialistas do Leste e assimilados).
Desde sua evolução histórica já apontada (em parte comum à autoritária dos fascismos), o sistema é definido por sua constituição como parte da administração do Estado (assimilável a um Ministério), através do partido que o constitui e define em sua função e funcionamento.
Sua organização seria assim vertical e responderia, com mais ou menos complexidades organizacionais, ao simplificado organograma “O modelo soviético”.

O papel dos sindicatos no modelo soviético é definido por sua função de correia de transmissão entre as massas não organizadas e o partido que dirige a Administração do Estado. O esquema reflete de forma simplificada este modelo organizativo.
- Os sindicatos dos países recém-descolonizados.
Uma grande parte da descolonização que se seguiu à Segunda Guerra Mundial fez-se com regimes de tipo autoritário, de cunho soviético, considerações ideológicas à parte, que nem sempre são nem unívocas nem claras.
Mas há um segundo motivo – mais essencial no nosso modo de entender – que configurou esse caráter autoritário, em última análise vertical, dos sindicatos dos países do Terceiro Mundo recentemente descolonizados.
O esforço de descolonização, impôs, por força dos fatos, a unidade de esforço – o que leva a uma certa confusão entre partidos e sindicatos, geralmente únicos – para a construção do novo Estado emergente.
Mesmo que fosse só pela escassez de líderes, se imporia que fossem os mesmos no partido, no sindicato e no Estado.
Consequentemente, o organograma sindical que se produzia não era muito diferente daquele dos sindicatos de regime fortemente autoritário (comunista-soviético ou fascistas).
- Finalmente, está o sistema sindical de tipo democrático-ocidental.
Característica desse sistema poderia ser a independência com relação ao Estado e a democracia tanto interna como, sobretudo, do espaço criado, ao articular-se com a Administração do Estado e com as outras forças econômicas antagônicas (associações empresariais).
Um organograma simplificado do sistema poderia ser aquele do “Modelo democrático-ocidental”.

Como se pode observar no gráfico, as características que definem o modelo de sindicalismo democrático-ocidental são, fundamentalmente, a independência frente ao Estado, a democracia interna e a relação com outras forças econômicas antagônicas, como é o caso das associações empresariais. A partir deste organograma estruturam-se os três modelos de sindicalismo que existem no sistema democrático-ocidental: o anglo-saxão, o germânico e o latino, cujas consideráveis diferenças não devem fazer esquecer sua raiz comum
Leia mais em:
Entenda os sindicatos democrático-ocidentais
Entenda o futuro dos sindicatos
Entenda o nascimento dos sindicatos
Entenda a evolução dos sindicatos
Fonte: Antonio Marzal, é doutor em Direito e licenciado em Direito Comparado, Filosofia, Letras e Teologia. É também professor titular de ESADE e da Universidade Autônoma de Barcelona.
