Dado o peso que têm os grupos informais no funcionamento das organizações, torna-se evidente a utilidade de dispor de um esquema conceituai que ajude a compreender sua gênesis e sua dinâmica.

A esse propósito, o modelo formulado por George C. Homans, em sua obra The Human Group, publicada por Harcourt, Brace and Company, em Nova York, em 1950, é especialmente esclarecedor.

Aqui se apresenta em forma simplificada.

O esquema de Homans apoia-se na ideia de sistema, tal como foi utilizada na ciência moderna.

Entende-se por sistema um conjunto de elementos interdependentes operando num ambiente.

A ideia de sistema implica a ideia de ambiente.

Homans concebe o grupo humano como um sistema social.

O modelo de Homans compreende, em primeiro lugar, uma série de conceitos que identificam os elementos de que se compõem o comportamento de um grupo e, em segundo lugar, uma série de proposições sobre as relações de interdependência existentes entre esses elementos.

Os elementos de que se compõem o comportamento de um grupo

Homans introduz uma série de termos, que define cuidadosamente.

Seu valor depende de serem usados no sentido estrito por ele determinado.

Esses termos identificam os elementos de que se compõe o comportamento de um grupo.

São os seguintes:

  • Atividade.

É o que uma pessoa faz.

Por exemplo, falar, calcular, andar, manejar uma máquina, dormir, fazer papel de palhaço.

  • Interação.

É uma comunicação ou con­tato entre duas pessoas, de tal modo que a atividade de uma corresponda à atividade de outra.

Toda divisão do trabalho (de atividades) implica um esquema de interações.

Toda conversa é uma interação, mas há comunicações não verbais que também devem considerar-se interações, como as que há, por exemplo, entre os jogadores de tênis.

  • Norma.

É um tipo de sentimento emergente.

É uma ideia ou crença sobre como devem comportar-se os membros de um grupo em determinadas circunstâncias.

É um código de conduta.

Em contraste com os valores, as normas podem ser plenamente realizadas.

A propósito pode-se recordar a norma sobre a produção de dois equipamentos diários por cada enrolador da sala de observação de enrolamento.

Em todo grupo desenvolvem-se normas, com maior ou menor grau de assentimento.

Em contraste com as regulamentações oficiais vigentes em toda organização, a norma é o equivalente do costume.

  • Sentimento.

É todo afeto, atitude, mo­tivação, presente numa pessoa.

Tal como o utiliza Homans, este termo refere-se a estados internos da pessoa que guiam ou movem sua conduta externa.

Tais estados não são diretamente observáveis, pois se inferem de suas atividades e de suas manifestações.

  • Sentimento dado.

É todo aquele senti­mento (ideia, crença, atitude, afeto, motivo) que cada membro do grupo traz consigo em virtude de seus antecedentes pessoais.

Os sentimentos dados são, pois, a biografia de cada pessoa.

  • Sentimento requerido.

É aquele senti­mento que se espera da pessoa para o desempenho de seu trabalho.

Por exemplo: espera-se de todo empregado que esteja motivado pela remuneração correspondente ao posto que ocupa; espera-se de um vendedor que experimente o estímu­lo de superar-se vendendo sempre mais; espera-se de um contador que seja escru­puloso em suas anotações; espera-se de um pesquisador que se sinta motivado em sua busca de explicação para os fenômenos estudados.

  • Valor

É um sentimento determinado referente a aspirações que são desejáveis, mas impossíveis de realizar de um modo absoluto.

Por exemplo, a crença num tratamento justo.

Como se indicou acima, Homans concebe o grupo humano como um sistema social, que é constituído pelas atividades, interações e sentimentos que se dão entre os membros do grupo, juntamente com as relações entre esses elementos.

Dentro do sistema social, Homans distingue dois componentes:

  1. O sistema externo, constituído pelas atividades, interações e sentimentos, assim como pela relação existente entre es­ses elementos.
  2. O sistema interno, constituído pelas atividades, interações e os sentimentos que emergem espontaneamente entre os membros do grupo a partir daquilo que é requerido e daquilo que é dado.

Em essência, o esquema de Homans explica a relação entre o sistema externo (que a direção estabelece e “põe”) e o interno (que emerge espontaneamente).

O grande mérito desse esquema reside em que explica com extraordinária clareza os processos sociais mais próximos de nós: os dos pequenos grupos em que nos desenvolvemos.

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Fonte: José Maria RodriguezBacharel em Direito pela Universidade de Sevilha e consultor de empresas. Professor adjunto de Comportamento Humano na Organização, no IESE, Barcelona.

Categorias: RECURSOS HUMANOS