No início deste trabalho indicamos que o passivo de balanço de uma empresa representa os recursos e, o ativo, os investimentos ou colocações destes recursos.
Dentro do contexto da análise e do diagnóstico financeiros, em muitos casos é útil e esclarecedor estudar como e porque razão, num determinado período de tempo, se modificaram tanto as fontes como as aplicações de recursos.
Consegue-se isto de maneira rápida e compacta mediante as Demonstrações de Origens e Aplicação de Recursos (DOAR).
Por sua própria definição, uma origem de recursos será tanto um incremento de passivo como uma diminuição de ativo.
É possível obter fundos seja levantando um empréstimo (aumento do passivo) seja pela venda à vista de uma máquina ou de um terreno (diminuição do ativo).
Pelo contrário, as aplicações de recursos serão incrementos do ativo ou diminuições do passivo.
De acordo com estas definições, uma forma rápida de analisar a evolução de uma empresa ao longo de um determinado período é obter todas as origens e todas as aplicações de recursos subtraindo os balanços no princípio e no fim do período, parcela por parcela.
Repetimos que as origens serão os aumentos de passivo e as diminuições de ativo e que, as aplicações, serão os aumentos de ativo e as diminuições de passivo.
Naturalmente, pelo fato de ter obtido estes números da subtração de dois balanços, o total de origens deve ser igual ao total de aplicações.
Ilustraremos estes conceitos mediante sua aplicação ao exemplo da Comercial Ciurana S/A.
O leitor pode comprovar, como exercício, que as demonstrações de origens e aplicações de recursos correspondentes aos anos de 1982 e 1983 são as que aparecem no quadro “Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos”.
Sublinhamos sumariamente alguns aspectos importantes da situação da empresa que estes números nos revelam:
- A aportação de recursos próprios em forma de lucros retidos é escassíssima em comparação com os números de outras fontes de recursos.
Representava apenas 14% do total de novos recursos em 1982 e apenas 7,2% em 1983.
Esta situação não é sustentável no futuro, pois significaria uma deterioração da solvência até limites completamente inadmissíveis.
- O aumento dos devedores em 1983 foi muito maior do que o do desconto bancário utilizado.
Estamos superando a classificação comercial e criando novas necessidades de financiamento não cobertas.
- O aumento da dívida aos fornecedores em 1982 foi menor do que o da dívida dos clientes.
Isto é lógico dentro de uma situação de normalidade, porque o número dos fornecedores se mede a preços de compra e a dos clientes a preços de venda.
Mas em 1983, o incremento da dívida aos fornecedores foi muito superior ao incremento da dívida dos clientes.
Sinal claro de alerta, juntamente com a diminuição de caixa, de que há sérias dificuldades para atender aos pagamentos.
- Também em 1983, o aumento das mercadorias parece desproporcional em relação à evolução de outras parcelas.
É evidente que poderíamos extrair muitas conclusões destas demonstrações financeiras.
Também poderíamos agrupar as parcelas de outra forma, de acordo com as pautas de análises próprias dos fluxos de fundos na empresa.
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Fonte: Josep Faus – Doutor em Administração de Empresas pela Universidade de Harvard, engenheiro industrial e professor do IESE.