A exemplaridade no comportamento do diretor não é apenas a maneira mais eficaz de ajudar os outros para que por sua vez atuem por motivação transcendente, no fundo, é a única maneira de consegui-lo.

Essa exemplaridade, como veremos a seguir, é condição necessária para a obtenção da autoridade e esta é a força do líder.

Para desenvolver o nosso argumento temos que começar distinguindo entre o poder que uma pessoa tem para fazer cumprir suas ordens e a autoridade – que essa mesma pessoa pode ou não ter – pela qual as suas ordens são acatadas sem necessidade de coação alguma sobre seus subordinados imediatos.

A distinção é muito antiga – já aparece no direito romano – e provavelmente é uma das mais úteis para compreender os processos de direção.

Os nomes clássicos aos correspondentes são os de potestas (poder) e auctoritas (autoridade).

Muitas vezes utilizam-se como se ambos os conceitos tivessem mais ou menos o mesmo significado e essa confusão põe em destaque precisamente uma notável falta de entendimento dos processos reais de influência pelos quais uma pessoa pode seguir as ordens emanadas de outra pessoa.

Porque a auctoritas e a potestas representam modos opostos de influência no comportamento das pessoas.

A potestas representa o poder, a capacidade de uma pessoa para premiar ou castigar outras pessoas (aquelas sob seu poder).

Em última análise, é a capacidade de manipular motivos extrínsecos no comportamento de outras pessoas.

A auctoritas, pelo contrário, é a capacidade que tem uma pessoa de apelar eficazmente para as motivações internas de outras pessoas.

A autoridade baseia-se na livre aceitação, por parte dos que obedecem, das ordens formuladas pela pessoa que a possui.

De fato, somente a autoridade faz com que alguém seja obedecido em sentido estrito.

Porque, a rigor, obedecer significa “querer o que a outra pessoa quer e porque essa outra pessoa o quer”.

Obedecer não significa “fazer o que a outra pessoa quer porque tem o poder de coação para impor sua vontade”.

A autoridade é aquilo que as pessoas dão aos que as dirigem, é um sinal de reconhecimento da qualidade de líder de um diretor por parte daqueles que estão sob seu comando.

O poder baseia-se unicamente no puro fato de perceber que determinada pessoa – aquela que o detém – pode exercê-lo coativamente (seja com base em prêmio ou castigos).

Normalmente, qualquer diretor tem um certo grau tanto de potestade (pode elevar remunerações ou despedir pessoas, etc) como de autoridade (seus subordinados costumam depositar confiança em suas ordens pois consideram-nas adequadas para o benefício de todos, são ordens que vale a pena cumprir).

Naturalmente, a qualidade de um diretor depende da qualidade de potestade de que precisa para que suas ordens sejam efetivamente cumpridas.

Se tem pouquíssima autoridade, ninguém aceitará suas ordens, a menos que tenha uma grande potestade.

Se ele goza de grande autoridade, não precisa exercer o poder para que suas ordens sejam aceitas.

A figura “O comportamento diretivo”, mostra claramente os diferentes graus no uso da autoridade.

Dependendo do estilo de direção, o diretor conseguirá, em maior ou menor medida, que seus subordinados alcancem uma adequada aprendizagem em todas as ordens da atividade trabalhista: desenvolvimento do senso de responsabilidade, mover-se pelo senso do dever, avaliar as ações enquanto estas afetarem outras pessoas, etc. O lado direito da figura será o marco mais favorável para obter todos estes objetivos que, de uma forma ou de outra, vão beneficiar a empresa em sua projeção social.

A exemplaridade do diretor é o único meio para alcançar a autoridade.

Isto é assim porque uma pessoa só tem autoridade sobre outra somente se esta confia nela.

É a confiança nas intenções de quem manda a única coisa que pode dar origem a autoridade.

Somente quando uma pessoa se sente segura sobre as intenções da outra (quando se certifica que não se trata de pura manipulação em causa própria) pode então confiar naquela e dar-lhe autoridade.

Unicamente quando uma pessoa sabe que seu próprio bem não está sendo relegado, mas tem peso nas decisões da outra, é que se lançam as bases para o reconhecimento da autoridade desta última em decisões sobre temas que afetam ambas.

É claro que a confiança nas intenções é condição necessária para a autoridade, como se vê na figura “A autoridade como sinal de reconhecimento”, mas não é condição suficiente.

A autoridade é um sinal de reconhecimento da qualidade do líder de um diretor por parte daqueles que estão sob seu comando. O uso correto do poder aumenta a autoridade que os subordinados reconhecem a seu chefe.

Para que a autoridade seja reconhecida, é imprescindível também a confiança na capacidade da pessoa para decisões adequadas.

Observa-se, contudo, que esta segunda condição, sem a primeira, não só não pode ser fundamento da autoridade, mas pelo contrário, devemos temer muito mais uma pessoa competente com más intenções a nosso respeito do que uma incompetente igualmente mal-intencionada.

No caso do diretor, sua competência é determinada pela capacidade em fazer a organização funcionar acima dos níveis mínimos necessários de eficácia e atratividade.

Nesta base, o diretor que busca desenvolver sua dimensão de liderança, procura conseguir autoridade sobre seus subordinados.

Vimos o processo pelo qual se consegue atingi-la, vamos terminar apresentando um resumo dos processos pelos quais se perde essa autoridade.

  • Uso injusto do poder – constitui a maneira mais rápida de perder-se a autoridade.
  • Não utilizar o poder quando deve fazê-lo – revela falta de competência na liderança.
  • Uso inútil do poder – é o caminho pelo qual a autoridade vai se perdendo aos poucos.

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Fonte: Juan Antonio Pérez López – Atuário de seguros pela Escola Central Superior de Comércio de Madrid, Doutor em Administração de Empresas pela Harvard University e Professor Titular de Comportamento Humano na Organização no IESE.

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