A estratégia é o produto de um ato criador, inovador, lógico e aplicável, que gera um conjunto de ações coerentes de alocação de recursos e de decisões táticas, objetivando colocar a empresa em posição competitiva vantajosa.

O esquema “Processo de formulação de uma estratégia” começa com a identificação e a avaliação da posição atual da empresa.

O esquema da figura apresenta o ciclo da elaboração de uma estratégia que, baseada num conjunto de- ações coerentes de alocação de recursos e decisões táticas, persegue a obtenção de uma posição competitiva vantajosa no contexto em que a empresa trabalha.

É uma dupla avaliação, já que analisa variáveis do ambiente e da organização.

Quanto às primeiras, consideram-se os aspectos de ordem competitiva, contíguos à empresa, e os aspectos de procedência mais geral, provenientes do corpo social (responsabilidades e pressões sociais).

As variáveis que a organização analisa concentram-se tanto numa auto avaliação da empresa – com o objetivo de determinar as áreas de superioridade e as áreas defeituosas de um ponto de vista competitivo – como em uma consideração dos valores, das crenças e do campo de maior conhecimento dos membros da equipe diretora.

Da análise do ambiente e da determinação da posição atual da empresa obtém-se uma identificação de oportunidades e ameaças de pontos fortes e fracos, o que constitui uma síntese dos objetivos a alcançar, dos recursos de que pode dispor e de seus riscos.

Do mesmo modo, os aspectos sociais criam condicionamentos sociopolíticos que atuam como restrições de caráter global e externo sobre a empresa.

Por sua parte, a relação de forças dos membros da equipe diretora cria coalizões dominantes que influem nos objetivos da empresa e na destinação dos recursos.  

A partir dos elementos até aqui considerados, a direção geral decide acerca da estratégia que a empresa deve seguir.

Através dessa decisão, busca-se a modificação dos aspectos importantes da relação entre a empresa e seu ambiente, de modo a alcançar uma posição competitiva sustentável mais vantajosa dessa estratégia: análise do ambiente, análise da indústria e análise dos concorrentes.

Análise do ambiente

O ambiente de uma empresa é o conjunto de todos os elementos externos considerados relevantes para sua atuação.

A ênfase na análise do ambiente aumentou consideravelmente a partir do início dos anos 70, o que se deveu, basicamente, ao fato de o ambiente socioeconômico ter-se tornado mais complexo, dinâmico e incerto.

As mudanças que as empresas encaram estão cada vez menos relacionadas com experiências anteriores e os fatores externos a enfrentar aumentaram em número, além de serem mais heterogêneos e variarem com maior rapidez.

Portanto, a direção geral deve dedicar mais esforços e recursos ao estudo do ambiente, a fim de determinar as áreas básicas de decisão, e assim obter vantagens competitivas.

A atuação central da empresa em seu ambiente consiste em:

  • Analisar a estrutura econômica do setor industrial no qual a empresa opera.
  • Estudar seus concorrentes atuais e potenciais.
  • Investigar as mudanças que podem ocorrer em cada uma das dimensões do ambiente.

A dificuldade do conceito de ambiente está em determinar quais são os fatores relevantes para a empresa.

Há três dimensões básicas do ambiente: a econômica, a tecnológica e a sociopolítica.

Cada uma dessas dimensões compreende uma série de variáveis, algumas das quais relacionamos a seguir.

Na dimensão econômica: o tamanho e o crescimento do mercado; os concorrentes atuais e potenciais; o tipo de clientes que a empresa serve; o custo e a qualidade dos inputs; a missão e o custo dos produtos; os produtos substitutivos; as inovações nas formas de comercialização; os canais de distribuição; a entrada de novas empresas; o poder de negociação dos fornecedores; o poder de negociação dos clientes; as fontes de financiamento; a disponibilidade dos recursos, tanto em matérias-primas, como em recursos humanos ou financeiros.

Na dimensão tecnológica: as novas tecnologias, tanto para a criação de novos produtos como para a formulação de novos processos de fabricação; o processo e o método de produção; os materiais e os componentes; os conhecimentos técnicos necessários.

Na dimensão sociopolítica: o intervencionismo estatal em diferentes etapas do sistema, incluindo tanto a existência de preços controlados, como a de empresas estatais com perdas subvencionadas e competindo com empresas privadas; o mercado de trabalho; a política econômica do governo; os sindicatos; os grupos sociais; os valores, as crenças e as atitudes dos cidadãos; os acionistas.

A figura apresenta esquematicamente as três dimensões do ambiente que são relevantes para a atuação da empresa: econômica, tecnológica e sociopolítica. Nessas três categorias incluem-se todas as variáveis externas que formam o ambiente da organização. Cada uma delas abarca uma ampla gama de fatores, desde a situação do mercado e da concorrência, dos inputs, da comercialização, do financiamento e dos recursos (para as variáveis econômicas), até a atuação do Estado, dos sindicatos, dos grupos sociais (no campo das variáveis sociopolíticas), bem como das novas tecnologias, dos processos e métodos de produção, (no âmbito das variáveis de ordem tecnológica).

Análise do setor industrial

A ação estratégica da empresa passa necessariamente pelo questionamento em profundidade dos pressupostos em que se baseiam as estratégias atuais das empresas de seu setor, para alterá-los no sentido de obter vantagens competitivas.

Para isso, é necessário que a empresa conheça em profundidade e extensão as forças que determinam a intensidade da concorrência em seu setor.  

Os elementos que determinam a estrutura de um setor industrial são basicamente os seguintes:

  • As barreiras de entrada para novos concorrentes.
  • O poder de negociação dos fornecedores.
  • O poder de negociação dos clientes.
  • A existência de produtos substitutivos.
  • O grau de rivalidade entre os concorrentes atuais.

O estudo desses fatores mostrará à direção geral o ponto básico de referência para formular sua estratégia.

Mais ainda, lhe permitirá atuar de forma tal que o conteúdo final de cada um dos fatores lhe seja propício, facilitando-lhe a obtenção de vantagens competitivas sobre outras empresas do setor e concorrentes potenciais.

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Fonte: Joan-David Grima Terre – Doutor em Ciências Econômicas e Ciências Empresariais, pela Universidade Autônoma de Barcelona e Consultor Sênior da McKinsey & Company (Espanha).