Até agora partiu-se do pressuposto de que a duração das tarefas no projeto era constante e conhecida com exatidão.

As­sim, a atividade “desenho geral” no exemplo usado tinha uma duração de 15 dias.

Normalmente, os dados na prática não são tão seguros.

A duração de uma atividade pode variar e o “desenho geral” poderia durar 14 ou 18 dias.

Os métodos deterministas examinados nos parágrafos anteriores substituíram es­ta série de valores possíveis pelo que se denomina valor esperado, isto é, o valor médio.

Os valores probabilísticos, que agora se apresentam, ajustam-se muito mais à realidade; a priori pode-se supor que a duração de cada atividade admite uma gama de valores possíveis, cada um deles com uma certa probabilidade de acontecer.

Poder-se-ia estimar, por exem­plo, que a atividade “desenho geral” mencionada antes tem uma duração prevista entre 13 e 18 dias, com uma distribuição como a que apresenta a figura “Duração da atividade”.

O diagrama Duração da atividade parte do pressupostomuito mais ajustado à realidade do que às hipóteses baseadas em uma duração constante e exatamente conhecida – de que a duração da atividade “projeto geral” se situa entre os 13 e os 18 dias. O método probabilístico supõe que a duração admite uma gama de valores para cada atividade, aos quais se atribui certa possibilidade de ocorrer.

Uma análise probabilística das ativida­des da rede permitirá ao diretor elaborar dados importantes para a tomada de de­cisões.

Assim, poderá fazer e responder perguntas como:

Que probabilidade existe de que uma atividade se estenda para além de 15 de maio?

Que probabilidade existe de que o projeto não esteja terminado até 16 de junho?

Que probabilida­de existe de que uma atividade seja críti­ca e afete a duração do projeto?

Para analisar esse tipo de questões, seria muito conveniente dispor de uma informação detalhada ao nível da distribui­ção das probabilidades e da duração de cada uma das atividades do projeto.

Na prática, em um projeto com centenas ou milhares de atividades, é impensável que se disponha do tempo ou dos conheci­mentos suficientes para chegar à distribui­ção de probabilidade detalhada para todas as atividades.

Em vez de usar distribuições empíricas, avaliadas ponto por ponto pelos responsáveis do projeto, utilizam-se, na prática, aproximações das distribuições teóricas, das quais se aproximam as reais (subjetivas) mediante a escolha de determinados parâmetros.

Na análise de redes, costuma-se usar a denominada distribuição Beta, que especifica os tempos em: otimista, pessimista e mais provável.

Entende-se por tempo otimista (to) o menor prazo no qual se pode completar a atividade se tudo sair bem.

Teoricamen­te, existiria apenas uma possibilidade so­bre cem de que a atividade se complete antes deste período de tempo.

A duração pessimista (tp) é a duração máxima na qual se estima que se pode alcançar a atividade sob condições adversas ordinárias.

De novo, a teoria pressupõe que existe apenas uma possibilidade entre cem de que esta duração seja superada.

A dura­ção mais provável ™ é aquela que a priori tem maiores probabilidades.

Aplicando estes conceitos à atividade “desenho geral”, em vez da distribuição de probabilidade do processo de realiza­ção da etiquetagem, se especificarão os três valores, to = 13, tp = 18 e tm = 15, que nos servirão para ajustar a distribuição Beta como distribuição de probabilidade da duração da atividade.

Para o desenvolvimento do modelo probabilístico, usam-se conhecimentos provenientes da “Teoria da probabilidade e da Estatística”.

Em particular, serão utilizados quatro conceitos de Estatística:

  • O valor esperado de uma variável que segue uma distribuição Beta é dado por:

t = ( to + 4 tm + tp ) / 6

  • A variância da distribuição Beta calcula-se como:

δt2 = [ ( tp – to2) / 6 ]

  • A partir de um número grande de variáveis aleatórias (em qualquer caso sem­pre superior a 30), a soma dos valores que elas podem tomar é outra variável aleatória segundo a lei normal, com valor médio igual à soma dos valores médios das variáveis.

Pode-se afirmar que isto é com­pletamente certo, mesmo quando as variáveis individuais não seguem a distribuição normal.

  • A variância da soma das variáveis aleatórias independentes é a soma das variâncias.

Em termos de planejamento das redes, estes dois últimos conceitos significam que a duração esperada do projeto é a soma das durações esperadas em cada uma das atividades de seu caminho crítico.

Por outro lado, a probabilidade de que a duração total do projeto exceda o valor esperado é de 50%.

A partir dos valores esperados e das variâncias das atividades no caminho crítico (em uma primeira apro­ximação), podem-se calcular o valor esperado da duração do projeto e a variân­cia desta duração, usando as tabelas da distribuição normal (“Tabela 4”) para atri­buir probabilidades a cada possível duração do projeto global.

Aplicando estes conceitos ao exemplo do brinquedo eletrônico, com os dados da (“Tabela 5”), na qual se acrescentaram as estimativas otimista, pessimista e mais provável, resul­ta o seguinte:

  • O caminho crítico é 0 – 1 – 3 – 4 – 5, com uma duração esperada como a que resul­ta da seguinte equação:

d  =  15,17 + 19,83 + 15,17 + 10,66  =  60,83 dias

  • A variância da duração total do projeto, calculada a partir da variância das atividades do caminho crítico é:

σ2  =  0,694 + 0,694 + 0,250 + 0,444  =  2,082

e portanto o desvio-padrão é:

σ  =  √ 2,08  =  1,443

  • A partir dos cálculos anteriores e da ta­bela normal, pode-se calcular:

1) A probabilidade de finalizar o projeto em menos de 60 dias.

Como 60 dias equivale a um desvio negativo de 0,83 dias com relação à média, o que corresponde a 0,83 / 1,443 = -0,575 desvios-padrão, a probabilidade solicitada será aproximadamente (segun­do a “Tabela 4”) de 28%.

2) A probabilidade de finalizar o projeto em menos de 65 dias.

Visto que 65 dias equivalem a (65 – 60,83) / 1,443 = 2,88 desvios-padrão positivos acima da média (segundo a “Tabe­la 4”), a probabilidade é de aproximadamente 99,8%.

3) A duração, para a qual existe uma probabilidade de 95% de terminar antes.

Na “Tabela 4” observa-se que a probabilidade de 95% se obtém para um valor de k aproximadamente igual a 1,65.

Portanto, o valor solicitado se encontrará somando 1,65 desvios padrão à média:

d  =  60,83 + (1,65 x 1,443)  =  63,2 dias

Logicamente, os cálculos anteriores devem servir somente de exemplo de cálculo, já que, ao se tratar de poucas atividades, os últimos dois conceitos da teo­ria de probabilidades mencionados anteriormente não são estritamente aplicáveis.

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Fonte: Jaime Ribera Segura – Ph.D. e Master of Sciences in Operations Research; e Josep Riverola García – Master of Sciences in Ope­rations Research, Ph.D. in Operations Research e Catedrático da Politécnica de Barcelona.