“Quais são os objetivos de uma com­panhia típica?

A análise econômica padrão nos diz claramente que a companhia geralmente tem um único objetivo: pro­curar obter a maior quantidade de dinhei­ro (benefício líquido total) que lhe seja possível.

Esta afirmação foi questionada recentemente de diferentes pontos de vista.

Primeiro, sugeriu-se que os lucros não são o único interesse da gerência e que podem ainda existir outros objetivos, inclusive com maior prioridade.

Segundo, afir­mou-se que a gerência não pode preten­der maximizar nada: o que ela espera alcançar pode ser um objetivo bem mais modesto.

Para o momento procuraremos enumerar alguns dos objetivos alternati­vos que costumam ser mais comumente perseguidos pela gerência.

Existem razões para acreditar, por exemplo, que muitos homens de negócios estão deveras preocupados com a taxa de crescimento da empresa: a taxa de crescimento de suas vendas (o valor total de todos os produtos vendidos pela companhia) ou de seus ativos, ou ainda com a taxa de crescimento (mais do que o nível corrente) de seus benefícios.

Também es­tão dispostos a atribuir um grande peso ao volume de vendas da companhia per se e à sua participação no mercado.

Chegados a este ponto, devemos ter o cuidado de não confundir meios e fins.

As vendas não são unicamente importan­tes para aqueles cujo objetivo é maximizar o desempenho de caixa.

O maximizador de benefícios também deve vigiar suas vendas, porque o volume reduzido e decrescente destas é uma forma pobre de obter lucros.

Para ele, contudo, as vendas são exclusivamente um instrumento mediante o qual se obtêm lucros, ao pas­so que para o maximizador de vendas (ou para o maximizador de taxa de vendas) o certo é justamente o contrário: os lu­cros serão um meio para financiar a ex­pansão e as atividades de vendas.

Por conseguinte, embora provavelmente exis­ta certa semelhança no comportamento dos dois tipos de empresa, este estará muito longe de ser idêntico.

Normalmen­te, a empresa que maximiza as vendas a longo prazo venderá mais e ganhará mais dinheiro do que a companhia que trata de maximizar o lucro.

Uma gerência conservadora dará uma ênfase primária à sobrevivência da empresa e tratará de minimizar o risco.

Uma gerência centrada em si mesma buscará ma­ximizar sua própria remuneração direta ou os direitos de subscrição que com frequência constituem uma parte importan­te de sua remuneração.

A maximização dos ingressos dos acionistas, constituem, às vezes, o fim primário da companhia.

Finalmente, apesar do lógico ceticismo, deve-se reconhecer que algumas vezes as pretensões da alta gerência se caracterizam por fins de serviço público.

Dessa forma, os objetivos provavelmente variam de uma companhia para outra, e até dentro de uma mesma companhia sofrerão variações com o passar do tempo.

Ao analisar o comportamen­to de uma empresa num determinado momento, é fundamental determinar qual é o objetivo ou combinação de objetivos que ela pretende alcançar, já que as estratégias apropriadas para uma companhia com um conjunto de objetivos da­dos, não serão provavelmente ótimas pa­ra outra empresa que persegue outros alvos”.

(Fonte: William J. Baumol, Modelos de competição econômica. P. Langshoff, ed., Models, Measurement and Marketing, Prentice-Hall)

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Fonte: Antonio Argandona – Catedrático de Teoria Econômica da Universida­de de Barcelona e professor extraordinário do IESE. É autor de vários livros e artigos sobre a economia espanhola.