São comuns, em conversas de especialistas, os termos “erosão monetária”, “depreciação do dinheiro” ou as expressões do tipo “valores da época”.

Todos estes termos e expressões trazem implícito o conceito de que o dinheiro vai mudando de valor com o tempo.

Uma forma clara de introduzir a teoria subjacente ao valor do dinheiro no tempo é através do conceito de juro.

Todo mundo conhece o procedimento mediante o qual, depositando certa quantidade de dinheiro num banco ou caixa econômica, a entidade financeira depositária retribui ao poupador uma certa quantidade anual (juros), que é a função da soma depositada e do tipo de juro.

Por exemplo, uma pessoa que tivesse depositado 1.000 u.m. (unidades monetárias) no dia 1 de janeiro de 1984 a 12% ao ano, no final do ano receberia os seguintes juros:

I1  =  1.000 x 12 / 100  =  120 u.m.

Se o mesmo depósito tivesse ficado somente seis meses na entidade financeira, os juros teriam sido os seguintes:

I1  =  1.000 x 12 / 100 x 180 / 360  =  60 u.m.

Por outro lado, é bastante frequente o poupador deixar os juros gerados depositados em sua conta.

Com isto o processo repete-se e geram-se novos juros equivalentes a:

I2  =  1.120 x 12 / 100  =  134,4 u.m.

Estes, se forem novamente reinvestidos, gerarão juros durante o terceiro ano de:

I3  =  1.254,40 x 12 / 100  =  150,53 u.m.

Repetindo-se este processo, chega-se quase a duplicar o capital inicial, no fim de anos.

Generalizando a série de valores que obtém ao calcular o incremento progressivo do dinheiro depositado, pode-se concluir que um capital C0 colocado a juros i (expressos tanto por ano) converte-se, ao cabo de n anos, em um capital:

Cn  =  C0 (1 + i)n

A operação expressa, que serve para calcular valores futuros de quantidades de dinheiro, é conhecida tecnicamente sob o nome de capitalização; e assim fala-se de capitalizar a juros compostos uma certa quantia (o capital inicial), a um determinado tipo de juros, durante um certo número de períodos de tempo.

Existem tabelas financeiras que dão o fator de capitalização para uma unidade monetária, em função do tipo de juro e do número de anos durante os quais vai ficar investida.

Contudo, as tabelas financeiras caíram em desuso desde o aparecimento das calculadoras de bolso.

Juro simples versus composto

A figura ilustra o efeito que o juro composto (capitalização) tem sobre o crescimento dos capitais.

100 unidades monetárias convertem-se em 200 u.m. no final de 10 anos considerando somente os juros destes 10 anos sobre o capital.

100 + 10 x (100 x 0,10)  

Contudo, ao considerar o juro composto, entram em jogo os juros sobre juros, o que produz o efeito de que no final de dez anos o capital acumulado alcança as 259 u.m. (valor final).

Da mesma forma, pode-se ver no gráfico o efeito que a operação de desconto produz.

Na parte inferior do mesmo, observa-se que 100 u.m. dentro de 10 anos são equivalentes a 38,55 u.m. de hoje se se desconta a uma taxa de 10%.

Os períodos de investimento

Como período de capitalização costuma-se utilizar o ano (calendário gregoriano), mas em determinados casos (por exemplo, no cálculo de custos das fontes de financiamento) podem ser considerados períodos diferentes.

É interessante comparar os resultados da capitalização de 1.000 u.m. a 12% ao ano e a 6% ao semestre, tal como se apresentam nos quadros de capitalização.

Enquanto no primeiro caso (Capitalização a 12% ao ano) as 1.000 u.m. converteram-se em 1.254,40 no final do segundo ano, no segundo caso (Capitalização a 6% ao semestre) o montante no fim do segundo ano será de 1.262,48 u.m.

O que aconteceu?

Simplesmente, a taxa de capitalização de 6% ao semestre não é equivalente a uma taxa de capitalização de 12% ao ano.

Sem entrar em raciocínios matemáticos, é fácil entender: no segundo caso, os juros começam a render a partir do sexto mês, ao passo que, no primeiro, os juros só se incorporam ao capital depois de transcorrido o ano.

É interessante determinar qual é a taxa que se deveria capitalizar semestralmente para obter um rendimento equivalente a 12% ao ano.

Chamemos i uma taxa que, capitalizando semestralmente, converta as 1.000 u.m. iniciais em 1.120 u.m. no final do ano.

Colocando as 1.000 u.m. a juros i (semestral), de acordo com a fórmula dada anteriormente, no final do primeiro semestre teríamos um montante de:

C1  =  1.000 (1 + i)

E no final do segundo semestre:

C2  =  1.000 (1 + i)2

Se queremos que C2 seja as 1.120 u.m. indicadas acima, não temos outra coisa a fazer senão encontrar o i da equação:

1.120  =  1.000 (1 + i)2

i  =  5,83%

Assim, a taxa de capitalização semestral equivalente à de 12% anual não é 6%, mas 5,83%.

Generalizando:

i  =  taxa anual de capitalização;

ip  =  taxa de capitalização para um período menor do que um ano;

p  =  duração do período (em dias).

Disso deverá resultar o seguinte:

(1 + i)  =  (1 + ip)365/p

Daí podemos deduzir a fórmula geral da taxa de capitalização, para períodos inferiores a um ano:

ip  =  (1 + i)p/365 – 1

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Fonte: Josep Tàpies LloretEngenheiro Industrial pela Universidade Politécnica de Barcelona, Espanha. Master em Direção e Administração de Empresas.