Novas tecnologias sempre existiram, porque fazem parte da capacidade de inovação do ser humano.
Aqui se procura explicar a atual concentração dessas novas tecnologias e o papel que desempenham, ou podem desempenharia curto e médio prazos.
Convém distinguir entre novas tecnologias, que são evidentemente as que não existiam ou não se aplicavam antes, e altas tecnologias, que são as que exigem um nível muito qualificado de conhecimentos técnicos e científicos.
O aparecimento e concentração das novas tecnologias é devido a uma soma de fatores:
- A convergência no tempo, a nível industrial ou quase industrial, da microeletrônica, do laser e da biotecnologia.
Em geral, pela aplicação cada vez mais rápida nos novos conhecimentos em física, química, engenharia genética e biologia.
- A certeza sobre a atual escassez de matérias-primas, sujeitas além disso a decisões políticas e econômicas frequentemente alheias aos consumidores.
- O alto nível de competitividade internacional, traduzido em termos de prepotência, agressividade comercial, apoios oficiais encobertos e medidas protecionistas.
- O temor de ficar para trás tecnologicamente, abrindo-se cada vez mais a brecha entre países desenvolvidos e não desenvolvidos, entre ricos e pobres.
- A crise de identidade da CEE sobre sua auto suficiência ou dependência tecnológica, e o auto reconhecimento de sua incapacidade no passado para o aproveitamento prático da pesquisa e desenvolvimento (P + D), apesar dos grandes recursos financeiros e humanos destinados a essas atividades.
As possibilidades tecnológicas a médio e longo prazo em novos processos e produtos derivados dos programas espaciais, concretamente pelas condições de imponderabilidade ou microgravidade ou pelas condições de vazio (crescimento de cristais, novos produtos químicos e biológicos).
Também pelo próprio desenvolvimento das tecnologias e produtos que possibilitem ou melhorem os programas espaciais, como novos materiais (ligas metálicas, cerâmicas resistentes a altas temperaturas), sistemas vitais para os astronautas, sistemas informáticos para direção e segurança, etc.
- A contínua melhoria das capacidades de armazenamento, transmissão e processamento de dados (supercomputadores, discos ópticos, fibras ópticas, arseneto de gálio, processamento paralelo), assim como a decisão de desenvolvimento de sistemas inteligentes e de inteligência artificial.
- A situação generalizada de desemprego, especialmente na Europa, com a impressão, não formalizada nem quantificada, de que essas novas tecnologias talvez possam suavizar esta situação, pelo atual atraso em relação aos Estados Unidos e Japão.
- O enorme potencial humano para a pesquisa e desenvolvimento e, mais concreta e necessariamente, para a inovação.
Em 1979 havia cerca de 1.500.000 pesquisadores e mais de 3.000.000 de pessoas dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento nos países da OCDE.
Custa imaginar as possibilidades reais de avanço que representa esse potencial criativo, analítico e organizado, se existisse um mínimo filosófico ou conceituai para a consecução de objetivos, determinação de prioridades, coordenação e inter-relação.
Somente nos Estados Unidos já existiam em 1979 mais de 600.000 pesquisadores; em seguida com mais de 350.000, vinha o Japão que com um crescimento mais acelerado havia mais do que duplicado os 150.000 que tinha no ano de 1963; a seguir, em 1979, vinham a Alemanha Federal e o Reino Unido, com cerca de 100.000 pesquisadores em cada país; somando todos os países da CEE havia um potencial que colocava a Comunidade em segundo lugar na escala mundial, atrás dos Estados Unidos e à frente do Japão.
Financeiramente, a CEE havia destinado 70.000.000 de ECUs em 1963 e 900.000.000 em 1984, investimentos nem sempre bem rentabilizados, como parece demonstrar o maior investimento em P + D em informática com relação ao Japão, e os piores resultados comparativos conseguidos.
Não podemos esquecer a importância da decisão política norte-americana de promover a Iniciativa de Defesa Estratégica que por sua vez gerou, como reação, o programa Eureka da CEE.
Todas essas considerações podem ter motivado a decidida atitude por parte dos governos dos países e áreas mais avançadas tecnologicamente para o desenvolvimento em massa e a aplicação comercial e/ou militar das novas tecnologias.
O Japão deu prioridade aos computadores de quinta geração, robótica, pesquisa espacial, tecnologia oceânica e optoeletrônica, entre outras áreas.
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Fonte: Jüan Manuel Orts – Perito em Inovação e Marketing.