Antes do aparecimento dos robôs, tu­do parecia indicar que somente as gran­des séries poderiam ser objeto de uma fabricação automatizada.

As tecnologias clássicas tinham permitido, na década de 50, avanços importantes nos processos contínuos (cimento, vidro, etc) e na década de 60, massificação de artigos de grande consumo (automóveis, eletrodomésticos, etc); mas até bem avançado na década de 70 não foi possível introduzir um novo conceito nas cadeias de fabricação: a flexibilidade.

O desenvolvimento impetuoso da informática permitiu que um dispositivo eletrônico governasse os equipamentos mecânicos adequados e que, em função de diversos programas, aquele dispositivo executasse sucessivamente diferentes trabalhos.

Os robôs

As máquinas de controle numérico, de elevado custo e desempenho limitado, tiveram grande aceitação para fabricações muito concretas.

A sequência de fabrica­ção estabeleceu-se previamente através de um suporte adequado (fita de papel perfurada, colocação de determinadas cha­pas num tabuleiro, fita magnética, etc).

Uma vez fixado o programa, a máquina o repetia até que fosse substituído.

Essas máquinas programavam as fun­ções de usinagem (tipo de ferramenta, velocidade do avanço, longitude do avanço, etc), mas geralmente não possuíam manipuladores das peças.

Passou-se ain­da algum tempo antes do aparecimento dos manipuladores mecânicos ou robôs programáveis.

Entramos então numa no­va era da sociedade industrial.

Nesse contexto não serão considerados os robôs móveis nem aqueles aplicados na medicina, más somente os de uso industrial ou robôs industriais.

Com a finali­dade de esclarecer conceitos, é necessário esclarecer que os robôs móveis são aqueles que, até certo ponto, imitam um ser humano ou um veículo e têm capacidade para deslocar-se com certa autonomia; no campo da medicina constituem próteses que suprem determinadas funções do corpo humano.

Os robôs industriais são elementos auxiliares da fabricação cuja missão básica é a manipulação de peças.

No Japão, consideram-se robôs todos os artifícios mecânicos colaboradores dos processos de produção, que possuem algum grau de li­berdade.

No mundo ocidental, a defini­ção é muito mais restrita, pois exige que as diferentes operações sejam realizadas sem outro recurso que não seja a programação informática.

Observe-se que a de­finição japonesa considera robôs todas as máquinas automáticas com algum grau de liberdade, ao passo que a definição ocidental exige uma unidade central eletrô­nica programável.

Esta disparidade com frequência induz a erro, já que a comparação de estatísticas entre o Japão e o Oci­dente não é possível nesse campo.

A definição de robô adotada pela pu­blicação Robótica Industrial é “aquela máquina independente de manipulação, concebida para uso industrial, suscetível de efetuar operações diferentes mediante uma programação e capaz de movi­mentar-se simultaneamente com um mínimo de três graus de liberdade”.

Conhe­ce-se geralmente como graus de liberda­de o conjunto de movimentos básicos exe­cutáveis por um sistema mecânico.

O tipo de robô mais adequado para a solução de funções complexas nas cadeias produção é constituído pelo chamado robô de aprendizagem, capaz de repetir quantas vezes se desejar um conjunto de movimentos que a hábil mão de um operador humano mostrou em determinado momento.

São de grande utilidade, por exemplo, no processo de pintura de pe­ças complexas.

Outros robôs obedecem unicamente a funções numéricas e condicionam seu trabalho à sequência e às grandezas numéricas ordenadas.

O chamado robô inteligente é o mais sofisticado, já que em função de determinadas características de seu ambiente é capaz de atuar num ou noutro sentido.

Certamente, todas as ações alternativas devem ter sido programadas previamen­te, como em qualquer dispositivo informatizado.

Uma visão genérica dos robôs costu­ma considerar neles três partes fundamentais:

  • O elemento posicionador, responsável por situar o extremo do robô num certo espaço desejado (com três graus de li­berdade).
  • A mão com os dois ou três graus de liberdade, que se move independentemente do elemento posicionador.
  • A ferramenta preensora, capaz de apanhar e manipular peças.

Quanto aos sistemas de acionamento, os robôs podem mover-se de forma:

  • Pneumática, hoje quase em desuso.
  • Hidráulica, para trabalhos que exigem grande potência.
  • Elétrica, majoritária para potências médias e baixas.

É curioso observar os avanços conseguidos pelos países nórdicos neste campo.

O quadro “Robôs industriais na Europa Ocidental” apresenta a porcentagem do mercado ocupada pelas diversas mar­cas produtoras de robôs, naquela parte do mundo.

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Fonte: Victor Obach Doutor Engenheiro Industrial. Foi chefe de infor­mática do Grupo Piher. Antigo Presidente da Con­venção Informática Latina.

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