Quando se planeja uma carreira profissional deve-se evitar tanto a criação de falsas expectativas como frustrações antecipadas.

Por isso devem ser definidos os possíveis limites e as exigências necessárias para a superação desses.

Os limites interessam em primeiro lugar, a organização, nem todos nela podem ser gerentes, nem todos podem ocupar os primeiros lugares.

Uma empresa que limita seu crescimento ou expansão corre o risco de apresentar limites insuperáveis na carreira de seus integrantes, especialmente se isso configurar-se somente na área da categoria (nem todos podem ser gerentes), por isso é tão importante, em qualquer caso, não subestimar a carreira na linha da inclusão (todos podem ser confiáveis, todos podem pertencer). 

Limites do indivíduo

O limite da carreira interessa também ao próprio indivíduo que se desenvolve (nem todos possuem as mesmas capacidades nem os mesmos potenciais).

A organização tem a responsabilidade de fazer ver aos seus integrantes tanto as possibilidades como os limites, fazendo-o com muita objetividade e prudência.

Em qualquer caso, a organização e a pessoa devem conhecer sua capacidade de mudança no futuro, deixando o horizonte aberto para possibilidades que no momento atual não se veem como tais.

A carreira estará bem planejada quando as limitações da organização se adequarem às limitações do indivíduo.

Se não se consegue esse equilíbrio (uma das principais tarefas da direção), não se pode evitar o choque no momento em que houver necessidade de ultrapassar os limites indicados.

Desse modo irão se configurando as diversas etapas pelas quais se deve avançar na carreira profissional.

A psicologia da organização detectou que, no momento previsto para superar um desses limites a fim de entrar em outra etapa superior da carreira, o interessado se mostra particularmente dócil com as exigências da organização, com a finalidade de oferecer possíveis méritos para a ascensão.

Uma vez superado o limite, sua contribuição se faz mais criativa, criatividade que volta a ser substituída posteriormente pela docilidade ou submissão à medida que se configura a perspectiva de superação de outro limite.

Embora não se possa assegurar que isso ocorra como lei geral, ao analisar o desenvolvimento da carreira profissional de seus indivíduos, a organização terá a preocupação de não valorizar excessivamente a docilidade acima da criatividade, sob pena de que, com o desejo de obter promoções, seus indivíduos não se desenvolvam devidamente.

Esses problemas de submissão indevida e falsa docilidade, atrofiadores das personalidades valiosas, suavizam-se debilitando a dureza dos limites (é das etapas na carreira ou nas subidas) mediante formas mais flexíveis de organização, como apresentada no Organograma bisagra, segundo o qual um mesmo posto pode exercer uma função ambivalente, onde se juntam a tarefa de dirigir uma equipe inferior e a tarefa de ser membro de uma equipe superior. 

Fronteiras da organização

Tudo isso é fundamental levando-se em conta que, em toda carreira profissional, existem dentro das organizações pontos nevrálgicos onde os limites implicam saltos qualitativos, mudanças profundas na atividade até agora exercida e, por fim, na própria pessoa que os realiza.

Dá-se o nome de fronteira aos limites que em uma carreira profissional apresentam as mencionadas implicações.

O conceito de fronteira é um ponto chave para acertar no desenvolvimento da carreira profissional.

É especialmente importante determinar quando o limite constitui na realidade uma fronteira, isto é, quando sua superação exige mudanças qualitativas na atuação e na pessoa.

Pois bem, há em toda organização duas fronteiras fundamentais que devem ser sempre levadas em conta.

Uma delas é a passagem de mera operação para a superação.

Nem sempre o melhor fresador é o melhor chefe de fresadores, e vice-versa.

A passagem da mera operação da fresadora para a supervisão do departamento de fresagem é um passo que exige fatores qualitativamente distintos.

Daí que a capacitação dos supervisores constitui uma tarefa importante no desenvolvimento das carreiras profissionais.

A operação costuma exigir a observância de regras com resultados pelo menos estatisticamente certos, o básico da operação aposta-se no baralho da ciência e da técnica.

A supervisão – como forma diretiva inicial – impede, pelo contrário, de seguir normas fixas conhecidas, pois sua ação consiste essencialmente em fixá-las e por isso seus resultados são incertos, o importante na supervisão reside na arte e na prudência.

Se a operação se encontra no nível do fazer, o aperfeiçoamento pessoal está na ordem do ser.

Outra das fronteiras que não se deve perder de vista no plano de uma carreira profissional é a passagem da direção funcional à direção geral.

O diretor de um departamento de vendas, de um escritório de contabilidade ou de um departamento jurídico tem necessidade especial do conhecimento da função que realiza e da fiel observância das leis, relativamente autônomas, que regem essa função.

No caso do diretor geral, essa exigência experimenta um salto qualitativo porque o importante aí não é tanto o conhecimento e o respeito por essas leis, mas configura-se melhor a habilidade de interpretação, a capacidade de síntese de todas essas funções, que são de certo modo autônomas.

Também neste caso, a função pertence ao nível do fazer enquanto a síntese deriva mais das características do ser da pessoa.

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Fonte: Carlos Llano Cifuentes – Doutor em Filosofia pela Universidade de Estudos de São Tomás de Roma, presidente e fundador da IPADE (México) e Professor Comportamento Humano na Organização.

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