O enorme desenvolvimento das companhias multinacionais é um dos fenômenos mais característicos da economia mundial do pós-guerra.
Elogiadas por uns e injuriadas por outros, elas são responsáveis por altíssimas porcentagens dos negócios internacionais e até mesmo pela política de alguns governos.
As empresas multinacionais desempenharam um papel de destaque na rápida expansão dos negócios internacionais, a partir da Segunda Guerra Mundial.
Originárias dos Estados Unidos, da Europa Ocidental e do Japão, foram responsáveis pelo substancial incremento experimentado pelo comércio internacional; e isso graças às transferências de tecnologia e técnicas administrativas, fruto de diferentes acordos contratuais e de investimentos diretos que incrementaram a produção em muitos países.
Tais investimentos, nos quais a empresa-matriz mantém a propriedade e o controle das filiais, foram o principal motor desse desenvolvimento.
Graças a eles, as empresas multinacionais transferem não só capital, mas também serviços muito mais valiosos, como tecnologias de produto e de processo, técnicas de administração, marketing, finanças, conhecimentos de treinamento e organização do trabalho e todo tipo de know-how de negócios, fatores que constituem bens verdadeiramente escassos nos países receptores.
As empresas multinacionais de tipo industrial estiveram na vanguarda dessa expansão global dos negócios.
Contudo, empresas multinacionais de outros setores – bancos, transportes, seguros, construção, engenharia, contabilidade, publicidade, assessoria e serviços em geral, aumentaram com grande rapidez sua projeção internacional nas últimas décadas.
Na realidade, a expansão dos negócios internacionais do setor de serviços, especialmente do sistema bancário, foi muito mais rápida do que a do comércio e dos investimentos estrangeiros diretos, desde 1970.
No conjunto, a internacionalização dos negócios, fruto da atividade das empresas multinacionais, converteu-se numa das principais tendências atuais e traduz-se num impacto socioeconômico e político permanente.
O que é uma multinacional?
Existem muitas definições para as empresas multinacionais até porque há vários tipos delas.
Além disso os estudiosos e especialistas do tema sublinham aspectos diferentes.
Não obstante, existe um amplo consenso em afirmar que a empresa multinacional tem as seguintes características:
- Operando a partir de sua sede central, a empresa multinacional dedica-se à fabricação de seus produtos em vários países por meio de sociedades filiais que controla.
A empresa-matriz cria as sociedades filiais através de investimento.
A empresa-matriz e suas filiais estrangeiras constituem em seu conjunto a empresa multinacional.
Por exemplo, operando a partir de sua sede central em Vevey (Suíça), a empresa Nestlé dirige várias centenas de fábricas e diversos centros de distribuição comercial em mais de 50 países.
- A empresa multinacional ocupa um considerável volume de sua atividade em negócios internacionais.
Em porcentagem importante, os ativos da sociedade, assim como diretores e pessoal, dedicam-se a negócios internacionais.
A empresa obtém também uma parte considerável das vendas e dos lucros em operações internacionais.
Por exemplo: em 1980, a Dow Chemical tinha aproximadamente 49% de seus ativos e 39% de seus empregados dedicados a negócios internacionais.
Naquele mesmo ano, a Hoechst realizou aproximadamente 35% de suas vendas e obteve 21% de seus lucros graças às suas operações internacionais.
- Em uma empresa internacional altamente desenvolvida, a direção tem a sorte de dispor de uma perspectiva global dos negócios.
Assim, explora a existência de oportunidades em muitos países, formulando-se as seguintes perguntas: em que zonas e países deveríamos comercializar nossos produtos?
Onde poderíamos construir fábricas?
Que tipos de negócios deveríamos empreender?
Onde deveríamos conseguir fundos para sustentar as operações em todo mundo?
Que países são prioritários, visto que oferecem maiores garantias para investimentos?
- A empresa multinacional tem, por regra geral, uma estratégia global que estabelece seus objetivos internacionais, determina as prioridades de seus compromissos, destina os recursos entre diferentes filiais estrangeiras e faz da organização uma unidade coerente.
A General Electric, por exemplo, é famosa pelo sistema global de planejamento estratégico que desenvolveu para a tomada de decisões diretivas em todo o mundo.
Dois exemplos de multinacionais
A Unilever, que tem duas empresas matrizes, uma inglesa e outra holandesa, é uma das maiores e mais antigas multinacionais do mundo: opera com 500 filiais em 70 países.
A direção geral da Unilever elabora os planos de intervenção no mercado com uma perspectiva global que não faz distinção entre negócios internacionais e locais; assim, realiza suas análises e previsões tanto para a fabricação como para a comercialização de detergentes, produtos alimentícios, cosméticos e produtos de beleza, e outros tipos de produtos, explorando globalmente as oportunidades e a evolução do mercado.
Em 1980, a Unilever conseguiu aproximadamente 36% de suas vendas e a metade de seus lucros em zonas onde tinha 53% de seus empregados, fora da Comunidade Econômica Europeia.
A International Business Machines Corporation (IMB) é a maior empresa mundial de computadores e processamento de dados, mas também desenvolve uma atividade importante no campo da produção de material e acessórios para escritório.
Tem sucursais para a fabricação e comercialização de seus produtos em mais de 50 países e realiza alguma atividade econômica ou financeira internacional em mais de 100 nações.
Em 1980, a empresa conseguiu aproximadamente 53% de suas vendas totais e realizou 53% de seus lucros líquidos por meio de operações internacionais e, ao mesmo tempo, 46% de seus ativos e 43% de seus empregados dedicavam-se a negócios internacionais.
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Fonte: William A. Dymsza – Fellow da Academia de Negócios Internacionais e editor do Journal of International Business Studies.