A área de programação da produção caracteriza-se pela necessidade de tomar com frequência um certo número de decisões, cada uma delas de pouca importância e não crucial para o futuro da empresa, mas coletivamente vitais para a sua sobrevivência.

Com frequência, essas decisões encontram-se nas mãos de executivos de terceiro ou quarto nível, que po­dem ter uma visão distorcida dos objetivos da empresa e do impacto dos mesmos em sua área particular de produção.

Frequentemente, encontram-se repartidas en­tre vários dirigentes, por motivo de carga de trabalho ou de especialização.

Para a empresa é necessário que tais decisões sejam tomadas coordenadamente.

A coordenação das decisões de produ­ção compete ao sistema de planejamento, programação e controle da produção ou, abreviadamente, sistema de controle da produção.

O sistema de controle da produção é um sistema de informação destinado a: proporcionar a informação básica aos diferentes diretores da produção, informação que deve ser coerente e refletir o efeito das decisões sobre as exigências de cada sub área; permitir a detecção das exceções, onde é necessária a intervenção dos níveis superiores ou a negociação com outras áreas paralelas; proporcionar uma avaliação permanente do sistema de produção, em termos de sua produtividade, seus custos, etc; e ajudar os diferentes responsáveis pela produção a tomar as decisões de sua parcela específica, apoiando seus raciocínios e estendendo sua capacidade de análise das situações.

Tudo isto deve encaixar-se com os objetivos da empresa e com as políticas traçadas pela direção geral.

A criação de um sistema de controle de produção

Na maioria das empresas existe um sistema de controle de produção, mais ou menos sofisticado, sem que talvez a própria empresa o tenha elaborado.

O mais provável é que o sistema seja obra da natureza, um produto da evolução darwiniana causada pela adaptação da empresa a um ambiente variável e quase sempre hostil, pois a maioria dos sistemas de controle da produção em funcionamento nas empresas são produto da evolução.

Nos anos 60, essa evolução foi, de um modo geral, lenta.

Embora parecesse que o ambiente se modificava rapidamente, a mudança era quantitativa, não qualitativa.

A estrutura básica dos problemas foi a mesma durante muito tempo.

A maior parte das empresas conseguiu sobreviver à situação.

Em primeiro lugar, os responsáveis pela produção foram capazes de adaptar-se a um funcionamento mais ou menos correto, mediante um processo iterativo de aprendizagem por prova e erro.

O problema subsistia por tempo suficiente, sem ameaçar a saúde global da empresa, dando oportunidade de ensaiar diferentes tratamentos até encontrar o adequado, ao qual os interessados se apegavam.

Em alguns casos, a busca de procedimento adequado produziu procedimentos ótimos.

Contudo, na década de 80 a situação inverteu-se quase por completo.

A velocidade de evolução dos problemas foi tão elevada que a problemática de fundo permaneceu invariável por muito pouco tempo.

Assim, o método de aperfeiçoamento sucessivo do processo de tomada de decisões teve pouca utilidade, pois o problema mudava antes que se encontrasse a solução adequada.

  • Intervenção do computador.

O computador constitui um meio muito eficiente de transformação da informação.

O computador é a linha de montagem do processo de informação.

Um método muito eficiente de trabalho, mas marcadamente inflexível e especialmente custoso de instalar e de pôr em marcha.

A característica essencial de uma aplicação mecanizada é sua eficiência, mas sua elevada inflexibilidade se reflete em um alto custo de mudança.

Portanto, um sistema de informação que se apoia em um processo informatizado tem uma capacidade de evolução muito mais lenta do que um sistema manual.

Assim, diz-se que a mecanização cristaliza o sistema e, o que é mais importante, impede sua evolução darwiniana.

Em muitos casos, é mais fácil criar um sistema informal, paralelo, do que mudar o sistema mecanizado.

  • Necessidade do planejamento.

Das considerações anteriores depreende-se o seguinte: a necessidade de um sistema de controle da produção que corresponda aos objetivos globais da empresa; a rapidez na evolução do ambiente e seu impacto na eficácia dos sistemas que mudam por evolução; os perigos da mecanização, pela possível cristalização do processo evolutivo dos sistemas.

Várias são as implicações de interesse, especialmente diante da era da informatização da produção que se aproxima.

Em primeiro lugar, é preciso reestudar e redesenhar o sistema atual de controle da produção.

É imperioso decidir se o sistema atual e os métodos de decisão e de intercâmbio da informação são os adequados ou não e, caso contrário, preparar as especificações de um novo sistema que cumpra as condições apontadas.

Isto pode obrigar a redefinir funções, trabalhos, processos de informação são procedimentos de decisão.

Em segundo lugar, é preciso reciclar os responsáveis pela produção.

Se até há pouco tempo bastavam as soluções de senso comum para os problemas complexos, isto já não é assim; devem ser os responsáveis pela produção as pessoas capacitadas a resolver seus problemas.

Por último, é necessário aumentar a importância da organização e o desenvolvimento de sistemas organizacionais em detrimento da informática.

Somente com um desenvolvimento adequado dos primeiros se conseguir um aumento da eficácia produtiva e será possível utilizar convenientemente a última.

A forma de enfrentar este ponto ainda não está clara.

Muitas empresas criaram figura do informático de produção, pessoa que conhece o manejo do computador e que deixa de pertencei ao departamento de informática para se incorporar ao de produção, com a missão de levar a termo a informatização.

A informática fica assim dentro dos limites de um supridor de serviços de cálculo, ao passo que a produção implanta seus próprios sistemas.

Outras empresas começam a incorporar a função informática aos departamentos de métodos, já que neles ocupa um papel análogo ao das técnicas tradicionais de estudo e de racionalização do trabalho.

Aquilo que estas fizeram com o trabalho manual, a informática de produção faz com os procedimentos de decisão.

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Fonte: Josep Riverola García – Doutor engenheiro de indústrias têxteis, master of Sciences in Operations Research, Ph.D.in Operations Research e catedrático da Universidade Politécnica de Barcelona.